Continua após a publicidade..
Continua após a publicidade..
DestaqueNotíciasPCPlayStationReview

AI LIMIT | REVIEW

Jogo da SenseGames mostra que não é preciso muito para ser divertido, mesmo em um gênero tão competitivo como o soulslike

Houve um tempo onde a divisão PlayStation foi incubadora de centenas de jogos inovadores, como no PlayStation 3, que trouxe jogos como Linger in Shadows, .Detuned, Flow e outros. Esse tempo ficou para trás, muito devido aos custos altos de se manter um estúdio ou até mesmo devido ao fato dos jogadores estarem mais interessados em jogos com temáticas mais amigáveis. Entretanto, com a criação da China Project Hero, as coisas começam a mudar, ainda que lentamente.

Com a proposta de curadoria, mentoria e suporte do PlayStation® para desenvolvedores sediados na China, o projeto fomenta a criação de novos jogos, sejam indies ou até mesmo AA. Alguns jogos já foram lançados, alcançando um ótimo reconhecimento, o mais recente deles é AI LIMIT, um Action RPG com elementos soulslike e fortemente inspirado em Nier. O game foi desenvolvido pela SenseGames e apesar de alguns problemas pontuais, se destaca pela diversão e pela jogabilidade acertada.

Desde o início do jogo, percebemos quais são suas influências, pois a direção de arte não se importou em deixar essas influências sequer disfarçadas. Logo nos primeiros minutos, o jogador estará completamente envolto em um clima pós-apocalítico, em uma sociedade destroçada por algo que ainda nos é desconhecido. Estamos na pele de Arrisa, uma Blader que acorda nos esgotos, sem uma arma sequer. Conforme você avança no jogo, logo percebe sua vocação e começa a colocar em prática habilidades que já vimos em centenas de jogos do gênero.

O desenvolvimento da narrativa se desenrola de uma maneira mais lenta do que o adequado, o que, em muitos momentos, deixa o jogador com a sensação de não saber o que está acontecendo exatamente. Isso devido ao jogo apostar em uma suposta liberdade de exploração, desenvolvendo a narrativa de maneira não linear, obrigando você a ligar os pontos quase que sozinho. Essa sensação diminui conforme você avança na história, mas quando isso acontecer, lá se foram boas horas de jogo.

O game tem legendas nativas no português, mas elas deixam muito a desejar. O jogador mais atento encontrará diversos problemas de tradução e nomenclaturas. A impressão que temos é que o jogo foi traduzido com algum aplicativo gratuito e pior, não sofreu nenhuma revisão. Você encontrará problemas de concordância, interpretação e até mesmo, falta de tradução. Ainda que isso não tenha uma influência direta na diversão, mostra um descuidado da desenvolvedora, isso em tempos de jogos com produções cada vez mais bem cuidadas, esses detalhes não passam desapercebidos.

Se Arrisa é muito bem definida, com movimentos bem detalhados, fluídos, o mesmo não podemos dizer da personalidade da Blader. Como ponto central da trama, nossa protagonista deixa a desejar no que diz respeito a carisma. Mesmo nos diálogos mais importantes, não conseguimos identificar profundidade na personagem e consequentemente na trama. Conforme o jogador avança no jogo, novos nichos da narrativa tentam cativar a atenção, mas caso o jogador não esteja totalmente empenhado nos acontecimentos, boa parte de tudo que acontece em relação à história, passará desapercebido.

Nosso é reparar os ramos espalhados pelas ruínas dessa civilização que foi quase extinta por um desastre natural. Esses Ramos são exatamente como as Bonfires da franquia Souls, servindo de ponto de controle. Pode parecer um fator negativo uma semelhança tão evidente, mas não é. AI LIMIT consegue capitalizar bem as features já criadas, usando o que há de melhor a seu favor.

Ainda que o âmago, o qual é o soulslike esteja integro, todos os jogos aventurados no gênero tentam trazer algo novo para a experiência, e no caso de AI LIMIT, não poderia ser diferente. De fato, são essas experimentações que melhoram o que já foi criado e cativa novos jogadores, que, por algum motivo, não tenham se identificado com outros jogos. Desde quando Demon’s Souls chegou no PlayStation 3, movendo uma legião de fãs até AI LIMIT, muita coisa mudou, e o game da SenseGames insere sua parcela nessa conta.

Esqueça qualquer barra usada para usar magias, defesa, habilidades e até mesmo o parry. O combate em AI LIMIT se concentra na barra de sincronização. Essa barra é o que define o tamanho do dano causado e como as magias que você impõe ao jogador se comportaram. Quanto mais completa essa barra está, mais poderosa Arrisa estará e quanto mais baixa, mais vulnerável ele estará. As habilidades também estão condicionadas a sincronização, consumindo parte dela quando você usa determinada habilidade de combate, seja da arma, magia ou buffs.

O que torna o combate divertido em AI LIMIT é que o jogo não punirá você pelo desgaste do uso excessivo da barra de sincronização. Ela se recupera automática e gradualmente até um determinado ponto, o que permite que, por exemplo, você use o parry sem se preocupar que a barra acabe. As habilidades e magias mais poderosas exigem mais quantidade de barra, mas as habilidades básicas como ataque e parry pode ser usadas sem limites.

Enquanto alguns jogos focam em aspectos mais técnicos do combate, AI LIMIT pega os elementos mais divertidos do combate souls e descomplica tudo. Você poderá usar as duas mãos nos combates, seja para atacar e atacar, ou atacar e se defender. Você pode usar tanto armas rápidas como adagas, uma espada de duas mãos ou duas espadas com propósitos diferentes, nada de novo aqui. Quando falamos do parry, feature tão importante no gênero, AI LIMIT tira toda a complexidade da habilidade e coloca a condição a disposição de qualquer jogador. Usar o parry é divertido por ter um tempo de execução generoso e os inimigos praticamente avisarem quando vão atacar, deixado o jogador a vontade para aparar.

Ao avançar no jogo, encontrando inimigos mais poderosos, o combate fica muito divertido, com o uso do parry combinado com buffs e magias. O fato do combate ser menos exigente que a maioria dos games do gênero souls, fazem as lutas em AI LIMIT serem muito balanceadas, elevando a diversão, pois ainda que você passe alguma dificuldade para transpor algum inimigo, a sensação é de que a luta é equilibrada. Os jogadores mais hardcores podem sentir falta de um combate mais punitivo, mas isso não deve afetar o resultado. A ressalva negativa fica por conta do sistema de câmeras, por perderem o jogador em alguns momentos importantes, seja nos combates ou até mesmo na exploração dos ambientes.

AI LIMIT apresenta gráficos muito bem construídos, com boa variedade de locações. Ainda que muitos ambientes sejam claustrofóbicos por serem ruínas, a sensação de grandeza está sempre presente. Nos primeiros minutos de jogo, você explora os esgotos da cidade, mas logo está em um mundo aberto, tudo conectado pelos ramos que ligamos ao longo da exploração.

Inicialmente, o jogador passa a maioria do tempo ambientes pós-apocalípticos, mas conforme progride na história, descobrirá locações totalmente diferentes. Quando o jogo muda a ambientação gráfica inicial, ganha mais identidade, se distanciando de jogos como Nier e Stellar Blade. Explorar os ambientes faz parte da diversão, todos os mapas são conectados por atalhos e com uma ótima diversidade de pontos de viagem, mantendo a sensação de controle do jogador. Infelizmente, explorar o jogo não oferece grandes recompensas, a maioria dos itens e armas mais importantes do jogo estão no caminho principal.

Existem missões paralelas que o jogador pode explorar com determinados NPCs, mas essas missões não são claras e também são pouco compensatórias. Outro fator que poderia ter sido inserido no jogo são chefes opcionais, é intrigante como um jogo com mapas tão grandes, não esconda chefes opcionais além dos relacionados a história principal. Você está explorando ambientes sombrios e subterrâneos da cidade, ter uma missão paralela para encontrar alguma criatura fora da rota principal seria muito divertido.

Enquanto os personagens são bem construídos, nenhum deles consegue ser carismático o suficiente, ou forneçam um desafio que faça você lembrar deles após algum tempo. Todos os inimigos, mesmo os chefes de fase, usam o mesmo mecanismo de combate. Você pode passar por todo o jogo usando a mesma arma e armadura, ainda que colete dezenas delas ao longo da jornada. Os trajes são bem detalhados e ainda que forneçam alguma vantagem, podem ser considerados perfumarias estéticas. Ademais, AI LIMIT é um jogo graficamente bonito, ainda que sofra com algumas quedas de FPS e combates bem simplificados em relação a outros jogos soulslike.

AI LIMIT — Vale a Pena?

Não encontrei nenhum motivo para deixar de dizer que AI LIMIT seja um jogo quase que obrigatório. O game é um típico jogo AA, que entretém o jogador com gráficos balanceados e uma narrativa bem construída. Como um game do gênero soulslike, os jogadores mais exigentes podem sentir a necessidade de uma dificuldade maior, principalmente nos combates, mas os jogadores mais casuais já podem curtir as facilidades na construção da personagem, que não exige as técnicas existentes em jogos da franquia Dark Souls, por exemplo.

AI LIMIT é um jogo competente em todos os aspectos, todas as escolhas fazem do game uma experiência balanceada. Se você procura um game divertido sem se importar se ele será a melhor experiência gráfica ou técnica, AI LIMIT trará boas horas de diversão, e mesmo que você seja o mais exigente dos jogadores, AI LIMIT lhe mostrará que o caminho do meio pode ser tão divertido quanto qualquer game AAA que você tenha jogado.

Vai jogar AI LIMIT? Não deixe de conferir nosso detonado/guia de conquistas, trazendo todos os finais e principais detalhes do jogo.

AI LIMIT | REVIEW

0

Bom

AI LIMIT é um game balanceado com um combate soulslike simplificado e gerenciamento de itens que não exige muito do jogador. Com bons gráficos, o jogo peca no combate e na falta de conteúdo paralelo.

User Rating: Be the first one !

Marcelo Souza

Apaixonado por jogos e consoles desde 1990. Quando não esta escrevendo em algum site de games, esta jogando ou ensinando o Felipe a jogar.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo