O gênero Survivor Horror está recheado de opções para todos os gostos, seja do terror clássico ou remodelado da franquia Resident Evil, até o espacial de Dead Space, e pensando justamente nesses dois últimos jogos, são eles os responsáveis por alguns dos melhores lançamentos do ano. Fort Solis chega para concorrer nesse campo com games tão espetaculares, e onde até mesmo games AAA tem uma vida difícil, lembrando de The Callisto Protocol. Veremos abaixo o que Fort Solis tem a nos oferecer e se o game pode figurar entre os grandes do gênero, vamos lá?
- Desenvolvedora: Fallen Leaf
- Publicadora: Dear Villagers
- Lançamento: 22 de agosto de 2023
- Número de Jogadores: 1 Jogador
- Gênero: Survivor Horror
- Plataformas: PlayStation 5, PC
- Site Oficial: Fallen Leaf
Fort Solis na Unreal Engine 5
Como bem sabemos, Fort Solis foi totalmente desenvolvido na novíssima Unreal Engine 5 e fica claro o quanto o game está a frente da geração passada. Os gráficos estão muito bem feitos e com um refinamento impar, mesmo se tratando de um game de estreia da desenvolvedora, como dissemos anteriormente. Como de costume, temos os tradicionais modo qualidade e desempenho. Se você é daqueles que gostam de jogar no modo desempenho, saiba que o jogo sofre para manter a qualidade esperada. Não que seja algo específico de Fort Solis, sabemos que muitos jogos sofrem do mesmo problema, configurando uma certa dificuldade dos consoles rodar games em certas configurações de qualidade.
E se no modo desempenho o game sofre, no modo qualidade as coisas ficam ainda piores, pois as quedas de FPS são bruscas e ficam evidentes sempre que acontecem. Note que isso não é fator preponderante para avaliar o que o game tem de melhor, mas não podemos deixar de mencionar os problemas gráficos do jogo, que mesmo estando belo na Unreal Engine 5, apresenta problemas encontrados em motores gráficos mais antigos.
A interpretação que salva
Se você acompanhou nossa cobertura do game, do primeiro anúncio até o lançamento, sabe que a desenvolvedora focou na captura de movimentos feita durante o desenvolvimento do game, não só pela tecnologia envolvida, mas também pelas estrelas envolvidas no jogo. Trazendo nomes como Roger Clark, que trabalhou em Red Dead Redemption 2, dublando o protagonista Leary, Julia Brown como Jessica Appleton, e Troy Baker como o oficial médico Wyatt Taylor. Com um elenco desse, boa parte da narrativa está salva, principalmente quando o elenco consegue elevar os diálogos com a interpretação de quem conhece bem o trabalho. Não é sobre emprestar a voz ou movimentos ao personagem do jogo, notamos uma interpretação real.
Pequenas escolhas, pequeno negócio
Se as expectativas sobre Fort Solis eram grandes, os resultados sobre essas expectavas não correspondem a tudo que jogo deveria oferecer. Infelizmente a desenvolvedora optou por direcionar o game estritamente a um Walking Simulator, e note que a minha posição quanto a isso, não é divagar se o gênero é ou não divertido. O gênero tem ótimos jogos e de fato, o problema de Fort Solis está relacionado as escolhas que levaram o game a um direcionamento muito específico.
Conforme passamos a desvendar os acontecimentos nos minutos inicias do jogo, nossa expectativa só aumenta, mas quando de fato começamos a jogar, percebemos que alguma coisa está faltando. A verdade é que a falta de combate deixa o jogo muito vazio, e diante da proposta que está diante de nós, isso faz muita, mas muita falta mesmo. Passamos horas deslumbrando belos gráficos e algumas locações que tentam, e até conseguem passar alguma tensão, mas após andar tanto tempo, tudo que temos de fazer é interagir com algo, ou recolher algum arquivo que nos lança ainda mais na história.
Pode até parecer que o problema está na história do jogo, mas fique ciente de que ela mantém Fort Solis não completamente perdido. O mesmo ocorre no trabalho e interpretação dos artistas, apesar de ficar claro que algo poderia ser melhor. Essa é uma parte do jogo que, com os adventos da Unreal Engine 5, torna o jogo interessante.
Mesmo em um jogo que se propõe estritamente a apresenta uma história e levar você de um ponto para outro enquanto tenta colocar você na narrativa, alguns pontos fazem com que a imersão seja mais profunda. Um bom exemplo disso, é colocar o jogador em situações onde a sensação de medo, urgência ou outra qualquer que seja, fique é evidenciada. Novamente não é o caso de Fort Solis. Mesmo nos momentos mais dramáticos do jogo, ainda podemos desfrutar de muito tempo para tomar as decisões necessárias, e mesmo quando tudo parece desmoronar, voltamos a uma calmaria e a andar calmamente pelo jogo.
Ademais, o jogo é muito complacente, fazendo parecer, ou literalmente fazendo com que todas as decisões do jogo pareçam levar você para o mesmo desfecho. Confesso que passei por algumas sequências agindo de maneira diferente, mas até onde evidenciei, nada mudou, mesmo quando agi de maneira totalmente displicente. Em diversos momentos, somos surpreendidos com eventos rápidos que parecem exigir uma urgência apocalíptica, mas que você percebe que nem de longe vão influenciar no desfecho do evento ou até mesmo do jogo.
Caminhando com o vento
Como um jogo onde caminhar é literalmente o jogo, iremos de um lugar para o outro, muitas vezes apenas para coletar um item, levando algum tempo. Se perder não é nada anormal, afinal estamos em áreas amplas. Na tentativa de tentar deixar o jogador mais confiante, o mapa pode ajudar um pouco, mas após algumas tentativas, percebemos que novamente, estamos diante de uma escolha no mínimo equivocada. A percepção que temos, é que deve ter havido alguma limitação técnica na hora de decidir como o mapa funcionaria, pois ele é realmente muito estranho, para não dizer outra coisa.
O mapa tenta ser o mais realista possível, mas quando não conseguimos o resultado previsto em um zoom para tentar nos localizar melhor, e isso não funciona, algo está errado. Enquanto vasculhava cada canto da estação, e me locomovia de um lugar para o outro, confesse que após usar o mapa por algumas vezes, eu passei a me locomover apenas guiado pelo instinto criado ao passar por algum lugar que já me parecia familiar.
Quando nos perdemos no jogo, podem acontecer duas coisas: A primeira é se você está gostando do jogo. Com certeza irá aproveitar esse tempo para explorar e descobrir ainda mais do jogo, aliás, acho que esse deve ser o propósito de fazer um mapa tão difícil de se usar, forçar o jogador a se perder, forçando-o a descobrir mais do game.
Em contrapartida, se você não estiver curtindo o game, esse pode ser o fator que fará você se desinteressar ainda mais, pois ficar perdido constantemente no jogo, pode ser frustrante se você não estive a vontade com a experiência. Nesse último caso, acho mais difícil de acontecer, pois se você acompanhou minimamente as notícias sobre o desenvolvimento do jogo, sabe o que esperar, mesmo que o resultado não seja fiel as expectativas.
A liberdade que temos no jogo é muito interessante, podemos explorar quase que livremente, até mesmo ma superfície enquanto vamos para outra locação. Seria muito mais divertido, se assim como a câmera do jogo, o mapa fosse tão funcional.
Fort Solis – Vale a pena?
Eu mesmo quando olho para essa review, fico com a impressão duvidosa sobre Fort Solis, nem tanto pelos seus problemas, mas mais pelo que o jogo poderia ser, caso algumas escolhas tivessem sido feitas. Nem de longe o jogo é ruim, a história é boa, e a interpretação que o elenco deu aos personagens, deixaram as coisas ainda melhores, aprofundando a narrativa de uma maneira que só atores do nível do cast usado no jogo conseguiriam proporcionar.
A falta de combate no jogo tem um custo alto, mesmo que seja um game focado na narrativa, e escolher apenas pela exploração e introdução da história foi um custo alto para um game focado no terror espacial, lembrando Dead Space e The Callisto Protocol, que são diferentes. O clima de mistério e terror, aliado a gráficos incríveis e ambientes detalhados, causam a sensação de que algo desgraçadamente assustador acontecerá, mas não acontece, aquele inimigo aterrorizante está evidenciado apenas no antagonista do jogo, que faz seu papel muito bem na história, mas só isso.
Após passar horas e horas caminhando e tentando se localizar em um mapa pouco eficaz, a sensação que tenho é de um bom jogo, mas com energia suficiente para se tornar um grande jogo. Espero que haja uma sequência, e que esse novo jogo se situe em algo entre um game Walking Simulator com combate, e não apenas Walking Simulator. Fort Solis é um bom exclusivo do PlayStation 5, e deve agradar, quando poderia surpreender.
Fort Solis | Review
Gráficos - 8.5
Jogabilidade - 8
Diversão - 7
Som - 7.5
Dificuldade - 7
Fator Replay - 7
7.5
Bom
Fort Solis tropeça em algumas limitações técnicas e escolhas equivocadas, como o mapa, que pouco ajuda o jogador em um jogo onde ele deveria ser providencial. Fort Solis é um bom jogo, com potencial para ser um ótimo jogo.