Eiyuden Chronicle: Rising é o jogo de demonstração da equipe da Rabbit and Bear, que está produzindo o sucessor espiritual da franquia Suikoden. Bem menos ambicioso do que seu título principal, Rising é um jogo de demonstração feito para acalmar os ânimos dos mais apressadinhos por conhecer o universo do jogo. Com um formato menor e uma proposta bem diferente, será que esse jogo vale a pena? É o que veremos no decorrer dessa análise.
- Jogo: Eiyuden Chronicle: Rising
- Desenvolvedora: Rabbit and Bear
- Publicadora: 505 Games
- Lançamento: 10 de maio de 2022
- Número de Jogadores: Single-player
- Gênero: Action-RPG
- Plataformas: PS4, PS5, XONE, XSXS, SW, PC
- Site Oficial: Aqui
Um Baita Chute Inicial
Algumas franquias ficam abandonadas no tempo. A Konami virou um cemitério de grandes franquias, com diversos jogos “enterrados” e esperando uma continuação há vários anos. O público já perdeu a esperança de ver novos jogos de franquias conhecidas, como Metal Gear, Castlevania e Silent Hill, então imagine franquias mais antigas ainda, como a lendária franquia de RPG japonês Suikoden.
Os veteranos criadores da franquia de RPGs Suikoden saíram da Konami e fundaram o estúdio Rabbit and Bear para trabalharem em um sucessor espiritual de Suikoden, chamado Eiyuden Chronicle. Eles tinham o material, tinham a vontade e o potencial, só precisavam de um financiamento. E foi aí que surgiu a ideia de jogar para os fãs e pedirem apoio financeiro por meio da plataforma Kickstarter.
E o plano deu muito, mas muito certo. Ele pediram inicialmente 500.000 dólares para poderem produzir o game, e conseguiram mais de 4 milhões e 500 mil dólares. Foi o terceiro maior financiamento para um jogo da história do Kickstarter, perdendo apenas para Shenmue 3 e Bloodstained: Ritual of the Night. Após uma campanha tão expressiva e tão bem sucedida, o estúdio Rabbit and Bear conseguiu muito mais do que a quantia pedida inicialmente, e mais do que o suficiente para financiar o game para todas as plataformas disponíveis.
Além disso, adquiriram o financiamento necessário para produzir não apenas um, mas dois jogos para a franquia. O jogo principal, batizado de Hundred Heroes, chega só ano que vem, em 2023, mas enquanto isso, a equipe preparou um jogo que conta o passado de diversos personagens que serão integrantes do time do jogo principal, chamado Eiyuden Chronicle: Rising.
Prelúdio do Que Nem Existe
É estranho jogar um prelúdio antes de conhecer a história principal. Prelúdios foram feitos para serem jogados depois que o contexto geral foi apresentado, e não antes. Pouco se sabe realmente sobre o universo onde se passará Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes, então eu preciso, mais do que nunca, que o jogo que serve como prelúdio faça as honras de me apresentar esse universo.
Nesse quesito, Eiyuden Chronicle: Rising é bem tímido. O mundo de Eiyuden é apresentado apenas em uma pequenina parcela, contando apenas com uma cidade e cinco localidades diferentes. Há poucos personagens relevantes,
A fração que é apresentada não faz cócegas ao escopo do que o game principal promete oferecer, e como temos apenas uma promessa em mente, fica a impressão de um mundo que acabamos por não conhecer devidamente.
Trio Principal
Eiyuden Chronicle: Rising possui uma protagonista principal e mais dois personagens importantes que entrarão na equipe conforme avança a história e podem ser utilizados em batalha. Aqui estão eles:
Essa é CJ, a protagonista. É uma bela garota que descende de gerações e gerações de caçadores de tesouro. Seu pai conseguiu uma enorme lente rúnica, um artefato místico de muito poder mágico, e a CJ não vai desistir até conseguir sua própria lente rúnica, e que seja muito maior do que a de seu pai.
Esse é Garoo, um canguru forte e impiedoso que ganha a vida como um mercenário. Garoo é do tipo sem amigos que não confia em nada e nem ninguém, e só quer saber de dinheiro. É claro que ele começa a mudar de postura quando o destino o une à jovem CJ.
Essa é Isha, a jovem filha do prefeito de Nova Nevaeh. Após um desmoronamento na Pedreira, o pai dela desapareceu e foi dado como morto. Isha passa então a assumir a tarefa de administrar a cidade como prefeita interina. Isha é doce e meiga, mas foi forçada a assumir responsabilidades além de sua idade, o que faz com que ela aparente ser fria e egoísta.
Apresentação em 2.5D
Eiyuden Chronicle: Rising possui gráficos 2.5D, estilo que ficou popularmente conhecido com o jogo Octopath Traveler. Os personagens possuem animações básicas e simples, as cenas e diálogos são apresentadas com sprites fixos dos personagens, Os cenários são bonitos e exuberantes, representando um bom trabalho artístico.
Quanto à parte sonora, o game possui músicas belas e muito bem orquestradas, um capricho dos JRPGs. O game não conta com qualquer tipo de dublagem, tendo apenas sons comuns e típicos de ataque. Até mesmo os inimigos possuem poucos sons e pouco variados.
Vale mencionar que o game está traduzido para o português de maneira muito boa, contando com um ou outro errinho de tradução mas, no geral, o trabalho foi muito bem feito e respeitando a cultura e regionalização da língua portuguesa com cada personagem.
A Louca dos Carimbos
Quando a CJ chega à cidade de Nova Nevaeh, parte do seu acordo com a prefeita da cidade é que ela precisa se mostrar útil à cidade, ajudando pessoas e acumulando carimbos em troca. Esses carimbos retratam que ela ajudou algum morador da cidade a fazer alguma coisa simples, como ir buscar algum item ou procurar alguém desaparecido. Pois bem, pouco tempo depois, CJ consegue residência e licença para trabalhar na cidade, mas mesmo assim ela continua ajudando pessoas e acumulando carimbos, só por prazer mesmo.
Esses carimbos, apesar de parecerem desinteressantes para pessoas normais, representam uma grande importância para o jogo, pois é por meio deles que se passam as missões principais e secundárias do jogo. Tudo sempre gera carimbos, e o jogador fica com vontade de completar o cartão de carimbos para poder trocar cada fileira obtida por itens raros.
Há dois tipos de missões secundárias: missões de loja, que ajudam lojistas locais a melhorarem suas lojas na cidade, e missões de residente, que ajudam os moradores em tarefas comuns. As missões secundárias servem para fornecer carimbos, dinheiro e experiência, além de apresentar novos personagens e mais detalhes do background de alguns personagens secundários.
Infelizmente, a vasta maioria das missões secundárias são bem insignificantes, estão lá apenas para fazer número. Por diversas vezes, terá apenas de ir na outra tela, falar com alguém e voltar. Ou ir na dungeon, matar um ou dois inimigos e voltar. São bem esquecíveis mesmo, provavelmente feitas em cima da hora, só para somar um total de 160 missões secundárias.
Combate Rápido…
Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes seguirá o estilo de combate da franquia Suikoden, de batalha por turnos. Mas, para esse prelúdio, a Rabbit and Bear optou por um combate rápido, que se encaixa bem melhor no estilo 2.5D side-scrolling escolhido para o jogo. O combate é simples, com apenas um botão de pulo, um botão de ataque físico simples e um botão de habilidade especial, a qual muda de personagem para personagem.
Apesar de montarmos um grupo com três integrantes, comandaremos apenas um de cada vez. Cada integrante do grupo possui seus comandos vinculados a um botão do controle, de modo que pode pressioná-lo para chamá-lo imediatamente para o confronto. Após invocar o personagem, ele ficará em tela sem limite de tempo, até que chamemos outro personagem para o combate.
… Mas Estratégico
O combate parece simples, mas pouco a pouco novas nuances são reveladas. O jogador pode formar intrincados combos usando diferentes personagens, o que causa um bom dano no inimigo. Basta intercalar golpes de personagens diferentes no mesmo combo no tempo exato, o que poderá ser bem útil, principalmente contra chefes. Não é questão de apertar botões a esmo, é preciso entender como cada golpe irá atingir o inimigo para causar um combo efetivo.
A habilidade especial também varia. CJ é capaz de se esquivar, enquanto Garoo é capaz de defender golpes, e a Isha é capaz de se teleportar. Fora do combate, cada personagem também mantém suas particularidades específicas, que aumentam conforme compramos novas armas e equipamentos. CJ será capaz de realizar saltos duplos, Garoo será capaz de quebrar e desviar grandes rochas e a Isha poderá planar no ar, por exemplo. Cada habilidade pode ser necessária para conseguir explorar as dungeons e encontrar todos os itens escondidos.
Além de golpes e habilidades, uma característica pouco explorada no game são os elementos. Há quatro elementos: terra, fogo, água e ar, e todos os inimigos possuem um elemento, o que o torna forte ou fraco contra outros elementos.
O jogador pode equipar runas elementais nos personagens, tornando seus ataques elementais. A natureza do golpe também pode mudar de acordo com o elemento equipado. A Isha pode disparar uma bola de fogo, se estiver com uma runa de fogo, ou um espinho de neve, se estiver com uma runa de água. Além disso, as runas podem ser aperfeiçoadas, ficando cada vez mais fortes e eficientes.
Nova Nevaeh Cada Vez Mais Nova
Uma das propostas do game é a evolução da cidade de Nova Nevaeh. Diversas lojas diferentes abrem na cidade, como uma estalagem, uma taberna, uma botica, uma casa de penhores, indo até uma loja de armas, armaduras, runas ou acessórios. As lojas começam com suprimentos limitados, mas conforme você realiza novas missões de loja, as lojas crescem e passam a oferecer novos produtos e serviços.
As lojas são a única forma real de se fortalecer os personagens. Apesar dos personagens ganharem experiência e evoluírem de nível constantemente, a evolução aumenta muito pouco os atributos. O que realmente tornará o personagem forte são as novas armas que ele poderá adquirir, ou afiá-las na ferraria. O que tornará a vida do personagem maior são as comidas na taberna, ou as armaduras e acessórios que podem ser comprados.
Em resumo, as lojas representam upgrades sempre úteis, o problema é a falta de dinheiro. A quantidade de dinheiro que ganhamos com o combate é ínfimo, o que incentiva duas coisas: a exploração e o cumprimento de missões secundárias. Quem realizar todas as missões secundárias terá quantias de dinheiro suficientes para comprar quase tudo o que quiser, e também é possível encontrar itens valiosos nas dungeons, que podem ser vendidos por bons valores na casa de penhores.
Cadência Lenta
A impressão que fica é que Eiyuden Chronicle: Rising foi pensado para ser uma demo de apresentação e a equipe resolveu transformá-lo em um jogo completo de 20 horas. O game possui poucos locais, poucos personagens e pouca história a ser contada. Típico de uma demo, mas com aspecto de um jogo cheio.
Os personagens são carismáticos e interessantes, mas a maioria é apenas apresentada com o mínimo possível de profundidade, só para realmente vermos o andamento de sua história no jogo principal, Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes. É como se fosse um primeiro capítulo, mas que começa muito devagar, arrastado, e acaba abruptamente quando começa a ficar bom.
O jogador irá explorar a mesma caverna em busca de alguns itens para completar as missões secundárias caso queira fortalecer o personagem e melhorar as lojas. Encontrar pontos de fast travel ao longo da dungeon é perfeito para minimizar o tempo necessário para a tarefa. Conforme avança e adquire novas habilidades e equipamentos, mais trechos das dungeons se tornam disponíveis, cada vez com monstros maiores e mais perigosos. O game vai ficando mais divertido e a história mais interessante, mas logo acaba. O game possui cerca de 25 horas de conteúdo se quiser cumprir todas as 160 missões.
Eiyuden Chronicle: Rising – Vale a Pena?
Recomendo Eiyuden Chronicle: Rising para os que estão ansiosos por Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes, ou os que procuram por um Action-RPG simples. O game não é a melhor porta de entrada para a série, a ideia de um prelúdio de algo que não sabemos o que é não funcionou muito bem. Ainda pode ser uma boa pedida se tiver paciência de passar por um começo lento, e sabendo que o game é apenas um primeiro capítulo de o que pode vir a ser uma grande história.
Confira também nossos outros reviews.
Eiyuden Chronicle: Rising
Gráficos - 80%
Jogabilidade - 85%
Diversão - 80%
Som - 80%
Dificuldade - 80%
Fator Replay - 75%
80%
Recomendo Eiyuden Chronicle: Rising para os que estão ansiosos por Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes, ou os que procuram por um Action-RPG simples. O game não é a melhor porta de entrada para a série, a ideia de um prelúdio de algo que não sabemos o que é não funcionou muito bem. Ainda pode ser uma boa pedida se tiver paciência de passar por um começo lento, e sabendo que o game é apenas um primeiro capítulo de o que pode vir a ser uma grande história.