Depois do inesperado sucesso que KOF 94 fez nos arcades, não tardou para que a SNK já encomendasse com seus produtores uma continuação para o game.
Em um ano, a equipe anterior entregou nos arcades The King of Fighter’s 95, um game maior que seu antecessor, tanto em conteúdo, quanto em problemas.
Nesse review iremos relembrar esse clássico dos games de luta e o início de uma das melhores sagas que o mundo dos vídeo games já puderam presenciar.
- Desenvolvedora: SNK
- Produtora: SNK
- Lançamento: 25 de julho de 1995
- Gênero: Luta
- Plataforma inicial: MVS, AES, Neo Geo CD
O Poder de Orochi
Passaram-se exatamente um ano após a derradeira luta do trio de Kyo contra o mafioso do submundo, Rugal. Mas de repente, convites começam a serem enviados para os participantes do torneio anterior os convocando para um novo torneio. O pior disso tudo é que cada convite vem selado e esse selo vem com uma letra, a letra R de Rugal.
Os participantes duvidam que Rugal esteja vivo, ainda mais depois de verem o porta-aviões dele, Blacknoah, ser consumido pelas chamas e explosões em alto mar após o término do torneio de 1994.
Praticamente todos os participantes do torneio anterior aceitaram o convite, menos o trio dos USA, na qual tiveram os seus convites furtados pouco tempo antes de iniciar o torneio. Em seu lugar, entrou o trio composto por Eiji Kisaragi, vindo de Art of Fighting 2, Billy Kane de Fatal Fury e o novato Iori Yagami, um cara misterioso que aparentemente tem uma rixa com Kyo.
Enfim, tem início o The King of Fighter’s 95, com novos lutadores, novos cenários de lutas, novas músicas, novos golpes e um inimigo extremamente forte nos aguarda nesse clássico dos game de luta.
Editando os trios
Se tem algo inovador em KOF 94 é a possibilidade de se jogar com trios. Perdeu um lutador, entra outro, perdeu mais um, você ainda tem o último lutador para tentar garantir a partida. Isso na época era excelente pois estendia a duração da nossa “ficha” nos arcades e os embates nos contras também eram mais duradouros.
Mas como nada é perfeito, nem todo mundo gostava ou sabia jogar com todos os lutadores de um trio. Algumas pessoas gostavam de jogar com Terry, mas não queriam nem colocar as mãos no Andy, outros gostavam do Robert, mas não sabiam jogar com Takuma. Pensando nisso, a SNK fez o enorme favor de dar-nos a possibilidade de editarmos os trios em KOF 95.
Tela e seleção de personagens
Isso pode parecer bobo hoje em dia, mas na época foi uma grande evolução poder montar o seu trio com os lutadores que você mais tinha afinidade e lutar do seu jeito.
E falando em novidades em KOF 95 temos algumas bem interessantes. Em primeiro lugar agora temos variações de pulos. Não que isso não existia no game anterior, mas era um tanto complicado para se executar. Agora, dependendo da forma que pressionamos o controle de pulo na direção do inimigo, o nosso personagem pode fazer um pulo longo, médio ou curto. Um efeito de sombra seguirá o lutador indicando que ele não está fazendo um pulo normal.
Essa variação de pulo é importante para quem está na ofensiva, sendo que, o pulo curto serve para chegar no adversário que esteja próximo de você, para dar aquela pressão na luta. O pulo médio serve para chegar em um adversário mais ou menos longe e o pulo longo serve para chegar no cara que está quase no final da tela.
Outro movimento novo é o golpe “dentro da esquiva”. Assim como no KOF 94, apertando os botões soco fraco+chute fraco, o nosso personagem irá se esquivar para o “fundo” da tela, fazendo o golpe adversário passar por ele. Se fizermos a esquiva e no meio da animação, apertarmos qualquer botão, nosso lutador irá desferir um golpe que poderá ser conectado com outro, abrindo a possibilidade de iniciar um combo.
Por falar em combos, o esquema em encher a barra de Power para executar um especial continua inalterado, aliado a isso a possibilidade de ficar com a barra de HP quase no fim também nos abre a possibilidade de executar um especial. Agora, se estivermos com a barra de Power cheia e a vida piscando em vermelho, qualquer golpe que executarmos, irá causar o dobro de dano dos golpes em condições normais. Então é sempre bom deixar a barra de power cheia para fazer os seus combos.
Novos cenários e as melhores músicas de toda a franquia!
Jogo novo, novos cenários. A SNK não economizou ideias para criar os cenários mais legais de toda a franquia, a começar pelo cenário do trio do Terry, na qual os lutadores começam em cima de uma ponte de madeira e após o locutor dizer “ Redy …. GO!”, os lutadores dão um salto e vem para perto da tela e lutam em um local com água corrente. Novamente isso pode parecer bobo, mas caso um lutador como o Terry perca a luta, seu boné cai na água e é levado pela correnteza …. Esse de longe é o cenário que mais gosto.
Mas não somente o cenário do trio do Terry é legal, o cenário do trio do Ryo também é igualmente icônico com a partida começando em um elevador e após subir, a tela se abre para que possamos lutar com mais espaço. Os cenários do trio do Kyo, Iori e Athena são muito bonitos e cheios de animações.
Agregado a tudo isso, temos as músicas de cada cenário e conseguem ser tão bons quanto eles. Novamente, o cenário do Terry tem uma das músicas mais legais de todas, Flaute in the Blue Skys, ou do cenário do Kyo, Funky Esaka… essas melodias são consagradas até os dias de hoje e infelizmente foram perdendo a sua qualidade a cada novo jogo lançado.
KOF 95 é o mais “quebrado” de toda a série!
Infelizmente meus caros, essa é a grande realidade, KOF 95 é o game mais quebrado de toda a franquia The King of Fighter’s. Ter menos de 1 ano para se criar um game, mesmo que usando a mesma Engine, Assete’s e vozes do game anterior, balancear todos os lutadores não é uma tarefa fácil e isso exige tempo, coisa que a equipe por trás do game não tinha.
Você se lembra de quando eu disse que, com a barra de power cheia, mais a vida piscando no vermelho deixavam os golpes mais fortes? Pois bem, se você iniciar um pequeno combo de 4 hits com Kyo e finalizar o oponente com especial, a vida do seu adversário será consumida quase que por completo, deixando apenas uns 12% de vida e olhe lá. Existe personagens que, com um pequeno combo+especial pode acabar com a vida do oponente em estantes!
Isso é muito ruim para quem curte jogar uns contras pois um cara que conhece os macetes de cada personagem, pode fazer combos insanos e derrotar seu adversário em questão de segundos, não dando a mínima chance do adversário esboçar qualquer reação.
Mas calma que isso não é tudo, aqui em KOF 95 nós poderemos encontrar os mais bizarros e absurdos bugs de toda a franquia. Dá pra fazer o especial da Athena bugar e ficar passando pela tela o tempo todo, ou fazer o especial do Heidern ficar infinito e ele não soltar o adversário mais ou mesmo fazer o lendário Tusk over, que é quando a placa MVS ou o cartucho AES esquentam de mais e a máquina ou o console desligam sozinhos! Isso não acontecia no game anterior e por ter sido “rushado”, não deu tempo do pessoal detectar os bugs que o jogo poderia ter.
Como está o jogo em outros consoles
Agora vamos falar um pouco de KOF 95 em sua versões para os mais diversos consoles:
- Neo Geo MVS (arcade): é a versão original do game ou seja, a versão que saiu primeiro e serviu de base para a nossa review.
- Neo Geo AES (console): É a versão caseira do game e é a versão “arcade perfect” do mesmo, ou seja, não existe corte, é tudo igual ao do arcade.
- Neo Geo CD: É praticamente igual a versão do arcade, mas contendo músicas “arrenge”, que são as músicas refeitas com instrumentos reais e qualidade de CD, ao invés das músicas em formato “midi” da versão arcade.
- Saturn: É praticamente a mesma versão vista no Neo Geo CD, contendo todos os sprites e animações vistas no console de CD da SNK, tendo apenas como diferença as músicas que são em Midi, iguais às do arcade ao invés de serem Arrange como a versão CD. Ademais, esse game conta com o cartucho de expansão de memória Rom, na qual carregava todos os dados dos lutadores de uma vez para evitar longas telas de loading.
- Playstation 1: Sem sombras de dúvidas a pior versão do jogo. Se a versão original dos arcades já era quebrada, essa do PS1 é quebrada em dobro. Os controles não respondem bem, tem bugs para todos os lados, telas de loading enormes e por vezes, elas bugam e travam o jogo e vários cortes nas animações. O lado bom dele é que as músicas são todas Arrange e qualidade de CD, diferente da versão do Saturn.
Além desses consoles, que receberam KOF 95 na época de seu lançamento, o PS2 recebeu ali por volta de 2005 a trilogia The King of Fighter: Orochi Trilogi que vem com KOF 95, KOF 96 e KOF 97 e várias opções como deixar as músicas Arrange, poder mudar os tons de cor das roupas dos lutadores, modo de treino e até partidas online para quem morasse no Japão!
Anos mais tarde veio a coletânea The King of Fighter’s: The Orochi Collection que contava com jogos desde KOF 94 até KOF 98 em uma emulação porca e mal feita feito pela SNK que originalmente foi lançado para o PS2 e Wii, mas recebeu uma outra emulação para o PS4 e PS5 que conseguiu piorar ainda mais o produto. Cheio de bugs, tanto na jogabilidade quanto nos áudios, é um game para ficar longe.
Por último KOF 95 foi lançado como ACA NEO GEO: The King of Fighter’s 95 para PS4/PS5, XBO/XBXSX e Switch sendo um game totalmente emulado da versão MVS dos arcades trazendo algumas novidades como time trial e lista de troféus e conquistas nos consoles da Sony e Microsoft.
KOF 95 – Vale a Pena?
Não posso dizer que KOF 95 tenha envelhecido bem nesses quase 30 anos após seu lançamento. Na época ele era um game legal e divertido, pois os games de luta ainda estavam se descobrindo e tal, mas para os padrões de hoje o game é muito quebrado e com problemas na jogabilidade. Ainda continua sendo um game com especiais difíceis de serem realizados e que possui um nível de dificuldade bem elevado.
Mas por outro lado, KOF 95 é muito bonito, com cenários lindíssimos e uma trilha sonora que faz falta até hoje na série. Para se jogar contra a CPU é bem mais divertido do que jogar com outro player que saiba as nuances do game e possa te encher de porrada sem que ao menos você possa revidar. É um game muito importante para a franquia e merece todo o respeito possível, ainda mais se levarmos em consideração que foi à partir daqui que se originou o melhor enredo da franquia, a saga Orochi.