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The Cruel King and the Great Hero | REVIEW

Os contos infantis podem não ser mais a bola da vez na arte de contar histórias, mas é exatamente isso que The Cruel King and the Great Hero tenta resgatar! Venha ler essa review e sentir toda a nostalgia desse jogo que já lança como um clássico moderno, sua arte inconfundível e seu carisma único!

  • Jogo: The Cruel King and the Great Hero
  • Desenvolvedora: Nippon Ichi Software
  • Publicadora: NIS America
  • Lançamento: 15 de março de 2022
  • Número de Jogadores: Single Player
  • Gênero: RPG
  • Plataformas: PS4, SW
  • Site Oficial: Aqui

​Apresentação

O sentimento de ler uma história infantil é único, e jogar um é melhor ainda. É esse sentimento gostoso e irresistível que a Nippon Ichi Software pretende nos trazer de volta com The Cruel King and the Great Hero. Seguindo a linha do jogo anterior, The Liar Princess and the Blind Prince, o game incrementa a sua fórmula. Chamando a atenção desde o início com sua arte, suas músicas e seu sistema clássico, o game tem muito mais a oferecer do que apenas uma premissa bonitinha.

​Era uma Vez, uma Garotinha Chamada Yuu…

Cruel King Great Hero Yuu

​Conto de Fadas

As histórias infantis vivem no imaginário popular, por serem uma das melhores formas de se contar uma história para uma criança, de forma lúdica e didática. As histórias infantis como eram antigamente começam a perder espaço no mundo moderno, com tanta tecnologia e inovação no cinema, música, videogames e realidade virtual.

The Cruel King and the Great Hero conta a história de Yuu, uma adorável garota que ficou órfã desde muito cedo, e passou a ser criada por monstros. Mas não são monstros maus, são monstros que decidiram viver uma vida pacífica e amigável, liderados pelo grande Dragon King, que adotou Yuu e a trata como filha. Yuu sempre ouviu histórias de como seu pai biológico era um grande guerreiro que uma vez salvou o mundo de ser destruído por poderosos monstros maus, e desde então Yuu sempre treinou e sonhou em se tornar uma guerreira como seu pai.

​Gráficos

O jogo todo se assemelha a uma história infantil. Os gráficos, o design dos personagens, as expressões caricatas, os cenários coloridos e exuberantes, até mesmo os efeitos de página virando, tudo é feito para artisticamente lembrar a sensação de estar jogando uma história de ninar, uma grande aventura contada antes de dormir. Os gráficos apresentam desenhos feitos à mão e coloridos a lápis, como nos livros de histórias infantis mesmo. O mesmo excelente ilustrador do jogo anterior, Sayaka Oda, está de volta com mais um primoroso trabalho artístico.

As cenas e diálogos são apresentadas em imagens estáticas, como em um livro, evidenciando uma escolha temática mas também uma complicação pelo baixo orçamento. O jogo apresenta uma galeria de ilustrações bem trabalhadas, mas são poucas as cenas em que são usadas de forma ampla. Na maioria das cenas, o que vemos são rabiscos sem muito contorno enquanto a narração dos diálogos apresenta a atmosfera do jogo. A escolha de imagens parece estranha muitas vezes, o que dá a entender que talvez ou não tiveram tempo ou orçamento para dar uma atenção mais devida às cenas.

​Narração e Trilha Sonora

Toda a trama é narrada pela excelente voz de uma narradora japonesa. Os personagens não são dublados de nenhuma forma, todas as vozes de suas falas e todos os acontecimentos são narrados pela narradora, e apenas em língua japonesa. A narradora também faz a sonoplastia, como o zumbir das abelhas, o farfalhar das folhas ao vento, ou o rugido das feras, sempre que necessário em cena. Muito semelhante ao trabalho teatral de uma apresentação de fantoches, por exemplo. Mas a falta de narração individual de personagens faz falta, é claro. A narradora faz o que pode para garantir a expressão correta da fala e interpretar cada cena, ela realmente narra muito bem, mas não é a mesma coisa que um time composto por vários habilidosos narradores. A ideia é simular uma moça lendo uma história para as crianças, mas a personalidade dos personagens fica aquém do potencial que poderiam alcançar quando apenas uma voz precisa interpretar todos eles.

Como o jogo está disponível apenas com áudio em japonês e legendas em inglês, fica ainda mais difícil tornar o jogo acessível a múltiplos países e múltiplas culturas. Essa é uma excelente história que ficará apenas restrita a um público muito específico, não podendo ser mais abrangente pela falta de recursos para traduzi-lo a mais idiomas.

Não poderia deixar de fazer uma menção à trilha sonora do game! As músicas que embelezam o trabalho artístico do game são lindas, e muito doces de se ouvir. Tanto a música tema de cada cidades e vilarejos, como as músicas de batalha e as músicas que adornam a narração da narradora, sempre com sons suaves e marcantes. Muitos tambores, muitas flautas, as composições deixam sempre um gostinho de querer assoviar no ritmo da música. Mais um excelente trabalho de Akiko Shikata, compositor e performer tradicional da empresa. São músicas bonitas, boas de se ouvir e sempre encaixam muito bem com cada local, demonstrando o carinho que o compositor teve com a arte sonora do game.

​Um Mundo Mágico de Monstros Bons e Maus

​Vilarejo dos Monstros

A base principal de operações do game é o Vilarejo dos Monstros, a maior cidade presente no jogo. Nessa cidade, Yuu é a única humana, e precisa conviver com diversos monstros dos mais variados modelos e designs. A maioria dos “monstros” são apenas animais comuns, como lobos, raposas, ovelhas, toupeiras, morcegos, abelhas, ursos, e por aí vai. Mas conta também com criaturas místicas, como dragões ou fadas. Todos pensam, falam e possuem personalidade própria.

As famílias de monstros possuem suas próprias características, afinidades e desavenças. A família das ovelhas e a família dos lobos não se dão bem (por motivos óbvios que você já deve imaginar), assim como a família dos ursos e das abelhas possuem uma forte rivalidade pela produção e consumo de mel. Todas essas histórias dos personagens, muito alinhadas às culturas japonesas (como por exemplo a tradição de fazer festividades para as estações do ano, com muita música e dança), enriquecem bastante a trama que envolve o universo do jogo e a Yuu.

​Missões Principais e Secundárias

As missões principais são bem elaboradas, cercadas de trama, e geralmente envolvem etapas no progresso da Yuu para se tornar heroína, resolvendo conflitos que envolvem famílias de monstros. Cada nova missão principal acrescenta novas áreas para explorar e novos personagens para o vilarejo, assim como mais integrantes do grupo. Já as missões secundárias são um pouco mais simples, mas também apresentam novos personagens e possuem fundamentações bem elaboradas na maioria das vezes, servindo para introduzir personagens secundários na trama, de maneira muito inteligente.

Yuu é apenas uma garotinha, mas é muito querida pelos habitantes do vilarejo, e vista como alguém que eles podem confiar. Sendo assim, Yuu recebe as mais variadas missões, indo desde procurar alguém perdido, coletar ingredientes nas dungeons (uns 90% das missões secundárias do jogo são desse tipo) a até mesmo solucionar mistérios e resolver problemas complexos, como rixas intensas entre famílias. Tudo é passado para a Yuu resolver no game, coisa que ela faz prontamente e com um sorriso no rosto, afinal, ela aprendeu que, se quisesse ser uma heroína como seu pai, tinha que ajudar todo mundo que lhe pedisse ajuda! Mesmo que às vezes seja um pedido preguiçoso e muito mal remunerado.

As missões secundárias, além de apresentar personagens secundários e coadjuvantes da trama, também os fortalecem e expandem. Cada missão secundária nos mostra um pouquinho mais sobre cada carismático monstrinho que habita o Vilarejo dos Monstros, suas vontades, seus medos, suas aflições e suas amizades. As histórias de cada um deles se interligam, e geralmente formam sequências de missões secundárias, com cada vez mais personalidade. Você sente que realmente está mudando a vida dos monstros do vilarejo, e tornando o local um ambiente melhor. Mesmo que a missão seja apenas ir na floresta pegar duas ou três flores e voltar.

​Exploração

A exploração é simples e linear. A movimentação se baseia horizontalmente, como um sidescroller 2D, com uma liberdade de movimento bem limitada. Os cenários se estendem em múltiplas telas, e podem possuir múltiplas saídas. Quase todas as telas dentro da mesma dungeon são idênticas ou muito semelhantes, mas o jogador não precisa se preocupar em se perder ou deixar algo para trás, pois o sistema de mapa do jogo aponta todas as salas e saídas.

Além disso, o eficiente mapa do jogo ainda registra a localização dos objetivos e até mesmo baús e segredos espalhados pela área. Cada área possui diversos segredos, como por exemplo locais inacessíveis no momento porque precisa de uma certa habilidade que só será adquirida mais para a frente na história. O jogador não precisa se preocupar em memorizar a localização dos segredos, pois o mapa os memoriza para ele. Caso algum item não possa ser coletado no momento, por exemplo, o mapa guardará sua localização para fácil referência, e o jogador poderá voltar lá quando for possível coletar o item.

​Progressão Lenta

Esse vai e vem pelas dungeons não será rápido. A personagem principal, Yuu, consegue correr quando seu nível for superior ao dos monstros que habitam cada tela. Quando o nível dela for inferior ou igual, ela apenas conseguirá andar bem devagar pela tela. O jogo explica isso com a sensação de segurança da Yuu, mas acontece que isso atrapalha um pouco a diversão. Yuu é lenta demais, e isso atrapalha porque o jogo todo se passa em idas e vindas pelas mesmas telas das mesmas dungeons, ainda mais quando se está apenas completando missões secundárias de coletas de itens.

Para mitigar isso, o jogo possui um sistema de fast travel entre o Vilarejo dos Monstros e quase todas as dungeons. Isso facilita bastante a rápida transição de locais, mas mesmo assim só para locais bem específicos dentro da dungeon. Como precisará voltar diversas vezes para as mesmas dungeons para completar o mapa ou coletar itens, o fast travel é uma mão na roda que vai economizar bastante tempo de jogatina. Mesmo que entre uma tela e outra ainda tenhamos que ir caminhando em passo de tartaruga e enfrentando diversos inimigos idênticos por tela.

​Tretas Entre Monstros

​Sistema de Batalha

Vamos falar agora sobre a melhor forma de resolver problemas entre monstros: batalhando. O sistema de batalhas é por turnos, no modelo tradicional que estamos acostumados. Cada personagem escolhe um respectivo ataque ou golpe especial e um alvo, e os mais ágeis atacam primeiro. Assim a batalha se segue por turnos até que um dos lados vençam. Golpes comuns são fracos, e as habilidades especiais são bem mais fortes, porém gastam energia, que se restabelece aos poucos a cada turno. Conforme vencer batalhas, ganhará dinheiro e experiência. Conforme o personagem evolui, ele fica mais forte e ganha novas habilidades, se tornando cada vez mais apto em batalha. Como é comum no gênero.

A principal diferença nas novas habilidades que se vai conquistando não está no poder delas, e sim mais no seu alcance. As novas habilidades permitem sempre alcançar cada vez mais inimigos ou estruturas diferentes de inimigos (linha horizontal, linha vertical ou diagonal), possibilitando escolher estratégias melhores para atingir vários inimigos de uma só vez. Já as habilidades de suporte são raras, o jogo foca muito a cura dos personagens em itens curativos ao invés de habilidades.

Por isso, é preciso sempre ter um bom estoque de itens curativos à disposição, não só de vida mas de status negativos ou mesmo que recuperem da morte. Os inimigos deixam muitos itens, e os mercadores possuem estoque infinito, então é sempre bom andar com um estoque pessoal. O dinheiro no jogo se ganha bem facilmente, e não será um problema.

​Táticas e Funções Adicionais

A parte mais tática do combate se deve ao explorar as fraquezas dos inimigos. É possível “observar” os inimigos, descobrindo assim as suas fraquezas. Alguns inimigos possuem fraqueza contra certos elementos, outros a serem provocados, outros a serem ignorados, e assim por diante. Uma vez que se explore a fraqueza de um oponente, ele entra em um estado confuso no qual todo dano recebido será crítico. E nesse modo confuso, também será possível usar a função Release e “poupar” o oponente, deixando-o fugir. Não se ganha nada poupando a vida dos inimigos, mas é bonitinho.

E é só isso mesmo. Algumas funcionalidades modernas dos jogos de RPG de turno, como auto-batalha, ou definição de estratégias de combate, não estão presentes. A impressão que fica é que o jogo foi propositalmente simplificado, visando o público mais casual e infantil. Sem muita profundidade, o sistema fica cansativo bem rapidamente. A simplicidade do jogo pode agradar os novatos do gênero e servir como uma excelente porta de entrada, mas veteranos mais críticos terão dificuldade em se entusiasmar.

​Dificuldade e Variação

The Cruel King and the Great Hero não é necessariamente um jogo fácil, mas ele é muito pouco punitivo, de modo geral. Os personagens morrem com relativa facilidade, principalmente quando cercados por vários inimigos, de modo que é preciso atenção constante com a vida dos personagens e não se pode desprezar os status negativos. Mas ao mesmo tempo, a morte pouco significa, pois voltará muitas vezes da mesma tela, já que o jogo salva constantemente. Se o jogador manter uma atenção básica e um estoque de itens considerável, morrer nem passará mais pela cabeça do jogador.

Não há muitas táticas no game, até porque a variação das habilidades é muito pequena. Então, o jogador muitas vezes lutará sempre do mesmo jeito, repetindo os mesmos movimentos de batalha, seja contra inimigos comuns ou contra chefes de fase. Os chefes não dão trabalho e surpreendem pouco, pois eles mesmos também não possuem uma variação tão grande de estilos de combate.

A maior parte da variação de combate vem pela presença ou não de companheiros de equipe. Conforme a história avança, novos personagens entram (e saem temporariamente) no grupo, e como cada um tem suas forças e fraquezas características, saber equilibrar a equipe é a chave do sucesso. Depois que se acostuma com o sistema de batalha e monta uma “estratégia infalível”, resta apenas colocá-la em prática em toda batalha até o final do jogo. O básico bem feito sempre funciona, sem exceções.

​The Cruel King and the Great Hero – Vale a Pena?

Melhor do que o anterior em todos os aspectos, The Cruel King and the Great Hero é uma excelente pedida para os fãs e contos de fadas e de JRPGs tradicionais de turno. O game dificilmente chamará a atenção devido ao grande número de pesos-pesados lançando nesse começo de 2022, mas merece sim um pouco de carinho, pois tem muito carisma e muito amor em seu desenvolvimento. Não perca a chance de jogar essa obra de arte em forma de game e se emocionar com sua trama envolvente.

The Cruel King and the Great Hero foi avaliado através de uma cópia gentilmente cedida pela NIS America – Agradecemos a cordialidade!

Confira também nossos outros reviews.

The Cruel King and the Great Hero

Gráficos - 85%
Jogabilidade - 75%
Diversão - 90%
Som - 85%
Dificuldade - 80%
Fator Replay - 80%

83%

Melhor do que o anterior em todos os aspectos, The Cruel King and the Great Hero é uma excelente pedida para os fãs e contos de fadas e de JRPGs tradicionais de turno. O game dificilmente chamará a atenção devido ao grande número de pesos-pesados lançando nesse começo de 2022, mas merece sim um pouco de carinho, pois tem muito carisma e muito amor em seu desenvolvimento. Não perca a chance de jogar essa obra de arte em forma de game e se emocionar com sua trama envolvente.

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João Paulo Solano Lopes Filho

Sou um fã de videogames desde que me conheço por gente, principalmente de RPGs. Tento convencer os meus pais e a mim mesmo que não sou um viciado (acho).

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