Se você acompanha nossas reviews, e principalmente as minhas, deve ter notado que o gênero de terror/suspense é um dos meus prediletos. Diante disso, não poderia deixar de trazer uma review de Unholy, pois acompanhei todas as notícias do jogo desde seu anúncio. Veja abaixo nossas impressões do jogo e saiba mais sobre Unholy.
- Jogo: Unholy
- Desenvolvedora: Duality Games
- Publicadora: Duality Games
- Lançamento: 13 de setembro de 2024
- Número de Jogadores: 1
- Gênero: Terror
- Plataformas: PS5/Xbox Series/ Steam
- Site Oficial: Duality Games
Do leste europeu, um novo conto de terror
Falando sobre a desenvolvedora que deu vida a Unholy, a Duality Games é uma publicadora e desenvolvedora de jogos com sede em Varsóvia, capital da fria e distante Polônia. O estúdio, criado em 2017, conta com diversos colaboradores, que já trabalharam em grandes jogos e empresas voltadas para games, alguns desses, já veteranos, como eles mesmo gostam de mencionar.
Ainda que a Duality Games tenha lançado outros jogos, principalmente para PC, Unholy se tornou o projeto mais ambicioso da desenvolvedora. O jogo aposta em uma mistura de terror e furtividade. Ademais, é ressaltado que o objetivo é satisfazer muitos grupos de jogadores, publicando alguns projetos de jogos em estilos diferentes a cada ano.
Vale ressaltar que, assim como a desenvolvedora, Unholy é ambientado no leste Europeu, que como bem sabemos, vem sendo assolado com uma guerra que permeia as fronteiras de muitos países. No jogo, estaremos explorando dois mundos, em uma Europa assolada pela radiação pós-apocalíptica. Essa ambientação poderia ser melhor explorada, pois ainda que seja evidenciada em alguns momentos, a sensação que o jogo passa é de dúvida, por não explorar esse ambiente com ênfase.
O horror real e sobrenatural
Unholy é definitivamente um jogo de terror, e usa a religião para criar sua ambientação, envolvendo rituais ligados a igreja. Além disso, também viveremos os problemas da protagonista com seu pai, e isso caiu muito bem. Ademais do terror, temos as lembranças de uma infância difícil, tentando explorar o lado emocional do jogador enquanto mostra os traumas da protagonista com seu progenitor. Conforme avançamos no jogo, o apelo dramático só aumenta, seja por envolver um filho desaparecido ou um pai supostamente ausente.
A todo momento o jogo tenta colocar o jogador em um ambiente controlado, seja em corredores apertados e escuros ou em quartos que tentam passar alguma tensão. Usando desses subterfúgios, Unholy está entre Visage e Martha is Dead, mas não aproveita o melhor desses jogos quando tenta inovar. Ainda que passamos por alguns momentos em que tenhamos algum momento de tensão e terror, isso ocorre poucas vezes, pois não há eventos que realmente assustem o jogador, seja graficamente falando ou através da narrativa.
A transição do jogo entre ambientes reais como apartamentos e casas entre um mundo paralelo e distópico não acontece naturalmente, deixando o jogo com confuso. Para piorar, nenhum dos dois ambientes é de fato assustador na maior parte do tempo. Talvez, se o jogo focasse em apenas um desses universos, as coisas acontecessem melhor, propiciando mais conectividade entre a narrativa, ambientação e o jogador, mas não é o caso.
Ademais, se outros jogos se apropriam de uma narrativa preocupada em assustar e/ou chocar o jogador com acontecimentos que apelem para violência física ou psicológica, Unholy não faz nem uma coisa, nem outra. Enquanto acompanhamos os problemas familiares de Dorothea, seja na sua vida pessoal ou em sua escolha religiosa, esses momentos, em poucos acontecimentos, conseguem prender o jogador. Somos constantemente lembrados do difícil relacionamento de Dorothea com o pai, mas isso não cativa a atenção.
O terror entre erros e acertos
O gênero e o formato da jogabilidade que Unholy explora é recheado de bons jogos, com lançamentos que exploram desde o terror psicológico até a sobrevivência do jogador. Se você é fã do gênero, reconhecerá leves influências de cada um desses jogos, bem como a determinação que a equipe de desenvolvimento teve em trazer uma experiência original. Para além dessas influências, com o passar do tempo e das fases, as influências vão ficando mais distantes e Unholy se torna um jogo com identidade própria.
As escolhas gráficas do jogo foram muito felizes, pois Unholy explora diversos ambientes com uma boa riqueza de detalhes. Exploramos ambientes diurnos e noturnos, sendo nesse último, onde passamos a maioria do tempo. Quando estamos no mundo paralelo, a beleza fica ainda mais evidente, com ambientações mórbidas e cheias de detalhes, com um ar misantrópico. Vale ressaltar que o jogo recorre ao Vsync, o recurso oferece uma melhoria gráfica determinante, principalmente no PC.
Se você é fã dos 60FPS, Unholy roda a maioria do tempo com a taxa de atualização quase que cravada nos 60FPS, deixando o game ainda mais bonito e principalmente, rodando suavemente. Ainda que o jogo não seja voltado para combates, conforme nos movimentamos, é notória a beleza gráfica e estabilidade. Tudo isso, faz de Unholy um jogo ambicioso. Como as coisas não são fáceis, Unholy sua parcela de problemas, e não são poucos.
A primeira coisa que temos de destacar são os personagens do jogo, pois eles, infelizmente, não empolgam. Sempre que temos um encontro com personagens, notamos que a construção deles parece ter ficado em segundo plano., isso fica evidenciado na antagonista do jogo, por exemplo, mas não só nela. A movimentação parece não ser estável, pois quando não estamos observando movimentos lentos demais, eles estão acelerados.
Unholy não é um game cheio de diálogos, mas quando eles acontecem, notamos imediatamente o quanto as falas estão sem sincronia com os lábios. Esse é um problema que aflige muitos jogos, independente do orçamento de cada um deles e em Unholy, temos um exemplo disso. O jogo está legendado em PT-BR, talvez isso cause um atraso ainda maior, mas mesmo colocando o jogo em outros idiomas, esse atraso ainda continua, então podemos dizer que é um problema, de fato, do jogo.
Graficamente falando, Unholy tem uma boa execução, e momentos que seguram o jogador no game. Entretanto, a direção e arte do jogo é desajeitada, forçando o jogador a olhar os erros do jogo, pois enquanto estamos diante de uma ambientação gráfica detalhada e estável, também estamos olhando um diálogo com leitura labial atrasada, ou personagens mal construídos. Um exemplo de uma escolha duvidosa, é, por exemplo, quando decidimos correr. Ainda que você pare, o ato de correr é memorizado, e quando nos movimentamos, estamos correndo novamente, sendo necessário pressionar o botão novamente para voltar a correr e vice-versa.
Os combates do jogo também são um problema. Ainda que pontuais, quando temos de enfrentar um inimigo, a sensação que temos é que tudo acontece da maneira mais desajeitada possível. Em determinados momentos, o inimigo está diante de você, mas não ataca, já em outros casos, parece que temos um ímã que puxa o inimigo em nossa direção. Além disso, esses inimigos parecem sair do nada, pois temos um ambiente sem qualquer coisa viva, e do nada, surge um guarda revestido com uma armadura medieval, as coisas não acontecem naturalmente, e o jogo não nos prepara para quase nenhuma interação com inimigos.
Uma das coisas mais legais do jogo, é como usamos nossa arma e sua munição. Nossa arma está relacionada as emoções, a tristeza, terror ou raiva fazem com que as coisas se desenrolem de uma maneira diferente, podendo abrir novas áreas ou atacar inimigos diferentes. Além da nossa arma, lidaremos com as máscaras do jogo, essas por sua vez são adquiridas como melhorias e nos fornece uma nova habilidade. Confesso que essa mecânica fica um pouco confusa, muitas vezes sequer lembramos disso, exceto se for obrigatório.
Unholy — Vale a Pena?
Unholy é um game com potencial, quem acompanhou as notícias sobre o game durante seu desenvolvimento, deve ter se empolgado. A desenvolvedora Duality Games fez um bom trabalho com o jogo, criando gráficos acima da média, e ainda que tenha alguns problemas, consegue ser, na maioria do tempo, bonito e estável. A forma com que usamos nossa arma também é divertida, poderia até mesmo ser mais abrangente, colocando mais funcionalidades para usarmos ela no jogo.
Unholy peca na direção, com problemas como sincronização do áudio, ou a construção desajeitada dos personagens. Infelizmente isso acaba atrapalhando a diversão em alguns momentos, principalmente quando estamos em um ponto crucial da narrativa, e percebemos que os personagens parecem estar falando sozinhos. Infelizmente, muitos dos problemas não foram corrigidos antes do lançamento, seja por falta de tempo ou recursos financeiros, e isso impactou no resultado.
Ademais, Unholy é um bom game, com algumas boas ideias ofuscadas por uma direção ruim e personagens sem carisma. A história, que deveria segurar o jogo, acaba se mostrando confusa e com apelos que mal se encaixam com a proposta do jogo. Existe potencial em Unholy, resta saber se o jogo terá uma nova oportunidade para corrigir os problemas em uma futura continuação.
Agradecemos a Keymailer por fornecer o jogo para a criação dessa review.
Unholy | REVIEW
Gráficos - 6.5
Jogabilidade - 6.5
Diversão - 6
Som - 6.5
Dificuldade - 6.5
Fator Replay - 6.5
6.4
Bom
Unholy é um jogo com potencial, mostrou isso durante seu desenvolvimento. É graficamente, bonito, mas esbarra em uma direção pouco criativa e personagens sem carisma.