No início da década de 1990, os jogos de árcade faziam um sucesso enorme, criando verdadeiros centros onde podíamos encontrar diversos tipos de jogos, desde os simuladores de corrida até os famosos jogos de luta, que eram os mais populares. Com a chegada de Street Fighter 2, a corrida par criar o próximo grande jogo de luta estava iniciada, e perdurou por mais de uma década com estrondosa popularidade. Entre grandes franquias como The King of Fighters, Fatal Fury, Tekken, Samurai Shodown e o próprio Street Fighter, tivemos incontáveis jogos ótimos que não tiveram a mesma popularidade e ficaram no limbo, sedo esse o caso de Rage of the Dragons. Mas nesse último, a QUByte Interactive teve a bela iniciativa de trazer o jogo de volta, melhorado e ainda mais divertido, confira abaixo nossa review e bora pra porrada!
- Jogo: Rage of the Dragons NEO
- Desenvolvedora: QUByte Interactive
- Publicadora: QUByte Interactive/Piko Interactive/bleem.net
- Lançamento: 14 de novembro de 2024
- Número de Jogadores: 1-2 Local Online
- Gênero: Luta
- Plataformas: PS4, PS5, XBO, XSSX, Switch, Steam, Windows
- Site Oficial: QUByte Interactive
Do fundo do baú
Rage of Dragons foi lançado originalmente para o Neo Geo, como mais uma opção para os jogadores que buscavam a experiência dos jogos de luta em casa, pois como bem sabemos, o Neo Geo era o mesmo hardware usado nos árcades da SNK. O jogo foi lançado originalmente em 2002, e ainda que pareça, devido aos seus enormes e belos sprites, usados com maestria nos jogos da SNK, Rage of Dragons não é um game desenvolvido por ela.
O jogo foi desenvolvido pela Noise Factory em parceria com a BrezzaSoft e a Evoga. Algo que vale mencionar é a influência que Double Dragon exerceu no jogo, sendo que os desenvolvedores envolvidos deixaram claro suas influências vindas dele, lançado em 1995 também para Neo Geo. A própria desenvolvedora encarou o game, na época do lançamento, como uma continuação do game dos irmãos brigões. Infelizmente muitos jogadores sequer conheceram Rage of Dragons.
Felizmente, em 11 de maio de 2020, a Piko Interactive adquiriu a propriedade intelectual do jogo e agora, estamos ganhando uma nova versão do jogo mediante o trabalho da desenvolvedora brasileira QUByte Interactive, intitulado Rage of Dragons NEO, trazendo gráficos aprimorados, uma revisão na jogabilidade e diversos novos modos de jogo. Tudo isso, deixa o jogo com uma roupagem mais moderna que agradará tanto os fãs dos jogos antigos da SNK, bem como quem curte games de luta mais modernos.
O poder dos pixels
Os gráficos de Rage of the Dragons NEO foram muito bem trabalhados e mostram pixels ricos em detalhes e muito bem animados. O jogo original já trazia a qualidade gráfica conhecida dos jogos lançados para o Neo Geo. A QUByte Interactive vem se mostrando cada vez mais caprichosa em suas conversões, e o trabalho nesse jogo não é diferente.
Você pode escolher dentre alguns modos gráficos, como filtros para os pixels, que podem ser suavizados, deixando o jogo com um aspecto perfeito, mostrando mais definição ou um modo mais suave, deixando os personagens e fundos mais borrados, para simplificar. Além disso, podemos escolher o tamanho da tela, inserindo bordas laterais para deixar os gráficos mais definidos, pessoalmente, achei o modo tela cheia combinada com o pixel perfeito o mais próximo do ideal.
Como um jogo datado que está recebendo uma roupagem nova, o trabalho da QUByte Interactive está irretocável, o jogo apresenta belas melhorias gráficas, destacando as escolhas da dev em privilegiar a obra original.
Mantendo a tradição
Como podemos evidenciar nos primeiros minutos de jogo, ele é altamente influenciado por outros jogos de luta de sucesso da SNK de várias gerações. A todo momento o jogador se lembrará de Kim Kaphwan, Kula Diamond, K, Joe Hisaishi, Orochi e outros. Essa semelhança pode ser um problema para os jogadores que imaginam o jogo com uma obra mais original, o que ele não é, note como temos uma dupla totalmente chupinhada do trio Orochi de KOF. As influências existem, mas para nossa sorte, a técnica de luta é diferente, guardadas as devidas proporções, pois Rage of the Dragons NEO privilegia a técnica e a aplicação de combos.
O jogador terá de escolher dois personagens e jogará efetivamente com essa dupla, diferentemente de jogos onde perder um dos personagens obriga o jogador a utilizar o segundo para terminar o round, Rage of the Dragons NEO é mais rígido com isso. Caso o jogador perca um dos personagens, o round termina imediatamente. Essa obrigatoriedade coloca um toque de estratégia no jogo, já que ambos têm a mesma importância durante a peleja. Falando sobre as duplas, as pré-determinadas pelo jogo estão relacionadas a história, e quando o jogador derrota todos os oponentes, terá o final relacionado as duplas originais.
O sistema de batalha, ainda que cadenciado, é baseado em combos que podem ser bem longos, incitando o jogador a praticar tal sistema. Você ainda pode jogar da maneira tradicional, mas as coisas são menos divertidas dessa forma. Ainda que os combos sejam longos, eles não tiram tanta energia quanto parecem, mas tem um impacto grande, conforme o jogador fica apenas como expectador. Praticar esses combos exige algum aprendizado, então espere dedicar algum tempo para aplicar determinados combos mais complexos.
Em relação ao jogo original, Rage of the Dragons NEO chega com ótimas novidades, dentre a que podemos destacar é o modo online, que usa o netcode rollback, sistema que melhora bastante o combate online. Como de praxe, você pode criar ou procurar por um Lobby e começar a jogar, usando opões específicas ou gerais. Infelizmente, enquanto jogamos, não encontramos nenhuma sala, ou conseguimos algum competidor ao criar uma sala, algo comum em jogos nesse formato de releitura. Podemos ressaltar também as informações contidas no modo on-line, onde o jogador pode verificar desde a qualidade de conexão adversária até mesmo as estatísticas de como o jogador se comporta durante os confrontos.
Você também pode se aventurar pelo modo Desafios do Dragão, um nome diferente para o modo Sobrevivência, onde o jogador lutará em sequência contra todos os outros lutadores até que termine o jogo ou pereça. Para quem gosta de curtir as músicas, também temos o modo Jukebox, para você curtir tanto os sons como as músicas do jogo.
Rage of the Dragons NEO — Vale a Pena?
Trazer a tona jogos Rage of the Dragons, visa primeiramente os jogadores mais nostálgicos ou que procuram jogos de luta com aquela pegada árcade dos anos 90/2000 característicos da SNK, pois a empresa japonesa foi referência no gênero durante muito tempo, criando um estilo muito próprio para seus jogos. A QUByte Interactive não saiu do seu caminho de propiciar jogos honestos e com uma pegada retrô que vem conquistando novos fãs a cada lançamento e evidenciando a qualidade dos profissionais por trás a dev brasileira.
Rage of the Dragons NEO tem seus problemas nativos a época, com personagens pouco carismáticos e uma jogabilidade bem datada. O jogo não envelheceu mal, e com o banho de loja que levou, ficou ainda mais divertido. Entretanto, é um jogo de nicho, e deve agradar apenas quem já conhece o game ou o estilo datado do combate e por ventura, algum jogador mais curioso ou fã do trabalho da QUByte. Ademais, em todos os casos, ao menos por algumas partidas, a diversão é garantida.
Rage of the Dragons Neo foi avaliado mediante uma cópia de revisão gratuita fornecida pela QUByte Interactive.
Rage of the Dragons NEO
Gráficos - 7
Jogabilidade - 6.5
Diversão - 6.5
Som - 6.5
Dificuldade - 7.5
Fator Replay - 6.5
6.8
Bom
Rage of the Dragons NEO aposta na nostalgia e na curiosidade do jogador, trazendo um game com bons gráficos e novos modos de batalha, tudo feito para por uma tarde ou um pouco mais. O port mostra mais uma vez o compromisso da QUByte Interactive com a qualidade.