Decay of Logos foi lançado em 2019 pelo pequeno estúdio português Amplify Creations. A primeira vista o jogo parece mais um Soulslike de baixo orçamento, mas na verdade Decay of Logos pegou a fórmula da franquia de sucesso da Fromsoftware e combinou com algumas ideias de design da franquia Legend of Zelda e se inspirou forte no feeling de jogos como Shadow of the Colossus.
No jogo acompanhamos Ada, uma jovem de cabelos brancos e orelhas pontudas que teve seu vilarejo atacado por soldados do rei, o vilarejo foi destruído e sua família morta, ela então parte na clássica jornada por vingança, porém acompanhada de uma criatura semelhante a um Alce. A história é clichê e sem muita profundidade na narrativa, Ada nem sequer fala, deixando assim toda nossa compreensão da trama por conta de observação e leitura de memórias que encontramos pelo caminho. O maior destaque nesse sentido fica por conta da relação de Ada com seu Alce e dos arcos dos personagens secundários, todos esses dublados em inglês com uma atuação de excelente qualidade.
Durante a jornada nós exploramos regiões recheadas de inimigos, tesouros, armadilhas e colecionáveis. O combate do jogo é semelhante a outros jogos Soulslike onde temos uma barra de vigor e cada ação como atacar ou desviar tem seu custo. Em Decay of Logos, nossa protagonista não tem uma classe específica, então o balanço fica por conta da armadura e arma que escolher, armaduras pesadas não a deixam mais lenta, mas muitas delas têm menos resistência a estados negativos como paralisia ou veneno. As armas e armaduras tem durabilidade, semelhante a Zelda Breath of The Wild, então nas primeiras horas de jogo nós trocamos de arma e armadura com frequência.
O jogo trabalha com levels ao invés de atributos como é comum do gênero, então ao subir de nível a personagem ganha um pequeno valor em cada atributo, ficando mais forte no geral sem ter que se preocupar com fazer a build correta. Também temos magias, mas são apenas três feitiços e ao usar gastamos uma pequena quantidade de HP, não é possível melhorar essas magias nem armas ou armaduras.
Quanto aos sistemas do jogo fica claro que o estúdio não tinha como entregar uma experiência mais expansiva, porém a variedade de inimigos, armas e armaduras é boa, o mesmo não dá para dizer dos mapas que apesar de muito bonitos e gostosos de se explorar tem um feeling um tanto semelhante do começo ao fim da jornada.
Um outro trunfo do jogo foi o companheiro animal de Ada, o Alce serve como montaria e um pequeno baú que pode carregar itens para você, já que o inventário de Ada é estupidamente reduzido apenas podendo levar o que se pode equipar, ou seja uma peça de armadura de cada tipo e um cinto com espaço para 6 itens consumíveis, esses que aparecem equipados na personagem. O único slot para carregar lot é um de arma/ armadura secundária, mas é apenas um slot o que torna o loot do jogo um tanto difícil de gerenciar, rendendo muito vai e volta caso você queira manter mais armas no estoque.
O alce apenas pode carregar uma arma de cada slot, ou seja uma arma leve, uma pesada e um arco, se encontrar dois arcos, um tem que ficar com Ada e outro na sela do Alce, se encontrar um terceiro, terá que abrir mão do anterior. Isso obriga o jogador a escolher o que realmente vale a pena carregar e o obriga a jogar de forma mais estratégica, mas não vou mentir que doeu meu coração deixar itens bons para trás em algumas ocasiões.
Nosso companheiro ainda pode nos auxiliar em combate dando investidas nos inimigos, a frequência desses ataques depende do seu relacionamento que pode ser melhorado dando frutinhas que se encontram pelo chão e acariciando, isso também faz com que se possa montar o alce por mais tempo.
Os mapas e level design do jogo são ótimos, baseados muito em Zelda e Shadow of The Colossus. Em Zelda pelo seu senso de exploração, puzzles e recompensas. O jogo recompensa os curiosos e aqueles que gostam de explorar, porém o feeling geral dos mapas e do Storytelling é muito baseado em Shadow of the Colossus, com um profundo sentimento de solidão sem contar claro a companhia de sua montaria.
O combate de início é desafiador, mas os padrões dos inimigos são fáceis de se decorar e apenas alguns levels a mais faz seu personagem receber muito menos dano, fazendo desse jogo uma excelente porta de entrada para o subgênero soulslike.
No entanto nem tudo são flores, o jogo foi comprometido por um lançamento conturbado, bugs na IA dos inimigos, controles e inventário renderam para o jogo uma má fama nos seus primeiros meses condenando ele a o abismo do esquecimento, porém messes depois a equipe foi capaz de corrigir a maioria dos bugs que quebravam a gameplay, mas ai já era tarde, o estrago a reputação já estava feito. Durante minha jogatina eu tive sim alguns bugs de colisão (encostar em uma parede e ser empurrado, pula sobre uma pedra e sobe bem mais do que deveria no ar), mas nada que me impedisse de aproveitar essa excelente experiência que o jogo trouxe.
Decay of Logos entra em promoção na Steam com muita frequência ficando por menos de R$10,00 se for direto no objetivo o jogo tem algo em torno de 15 horas de duração, se buscar os 100% das conquistas esse tempo vai parar lá pelas 25 horas.
Agora que você conhece esse híbrido de Souls com Zelda, que tal dar uma chance para ele na próxima Steam sale? Dá para sentir o carinho que os desenvolvedores colocaram nesse projeto, fazendo dele um jogo único e não só mais um “clone de Dark Souls”.
Para quem resolver se aventurar é só lembrar que esse é um jogo de um estúdio pequeno e de proporções muito menores que outros do gênero, considere como um indie e vá sem altas expectativas que a diversão será garantida.