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Zeenix fracassa com amadorismo da Tectoy que ainda tem de lidar com denúncias de “ambiente Tóxico”

Colaborador revela "ambiente tóxico de trabalho" durante desenvolvimento do Zeenix

A Tectoy é uma das empresas mais conhecidas do Brasil, e quando falamos de games, a empresa sempre teve um local especial no coração de quem cresceu jogando na década de 90, principalmente se você estava no Master System, Mega Drive, Saturn e finalmente, no Dreamcast. A Tectoy foi uma empresa fundamental para a SEGA no Brasil, e marcou toda uma geração de jogadores, que ainda hoje, tem a empresa japonesa como sinônimo de games no mundo e a Tectoy, no Brasil.

A Tradicional Tectoy

Entretanto, com a saída da SEGA dos games como fabricante de consoles, ficando somente como desenvolvedora/publicadora, fez com que a Tectoy perdesse sua referência no mercado. A empresa passou a fazer releituras de seus maiores sucessos, o Master System e Mega Drive, planejamento que como todos podem imaginar, não poderia suprir a empresa por muito tempo. Diante do feedback e experiência adquiridos ao longo dos anos com a SEGA, e com ações que pontuais que colocavam a empresa em destaque, como o setor de marketing, que fazia a cabeça dos jovens na época, a Tectoy decidiu que lançaria seu primeiro console totalmente nacional, o Zeebo.

Resumindo a história do console, que pode ser conferida aqui, o Zeebo foi um fracasso de vendas, colocando a Tectoy em uma situação ainda mais delicada. Desde então, a empresa se aventura no mercado de games discretamente, ainda se aproveitando do resquício do que foram os consoles da SEGA nos anos 90. Além disso, a empresa foca em brinquedos e até mesmo em máquinas de cartões. Tudo ia bem, e os fãs se lembravam mais do que foi a Tectoy com os consoles SEGA do que foi com o Zeebo, mas alguma coisa aconteceu nos corredores da empresa que a fez acreditar que essa era a hora de voltar com um novo aparelho, voltado para games.

Um Projeto Confuso de uma Empresa Desacreditada

Assim, a Tectoy, mais de 13 anos depois da última iniciativa no mundo dos games, anuncia seu novo projeto, que seria totalmente proprietário, o Zeenix. O novo aparelho da empresa brasileira seria um PC portátil, semelhante ao Steam Deck ou ASUS ROG Ally. O Zeenix foi anunciado oficialmente durante o Tectoy Showcase, em duas versões, um modelo de entrada chamado de Zeenix Lite e outro chamado de Zeenix Pro, com configurações mais robustas, visando o jogador mais exigente.

A primeira impressão foi ótima, pois o evento foi bem organizado e trouxe uma perspectiva muito interessante para os jogadores, tendo em mente que PCs portáteis estão cada vez mais difundidos entre os gamers. A fabricante confirmou que o console seria montado no Brasil, na Zona Franca de Manaus, o que animou a todos, pois seria a certeza de que o aparelho teria um preço competitivo. Entretanto, o mesmo evento que elevou as expectativas, serviu como evidência de que a Tectoy não estava falando tudo sobre o Zeenix, ou ao menos, não o que realmente importava.

Apresentado como um projeto proprietário, assim que o console apareceu na apresentação, não demorou muito para os expectadores perceberem que a Tectoy estava faltando com boa parte da verdade sobre seu aparelho. Ainda que o Zeenix tenha algumas features diferenciadas, como a utilização do Windows 11 como software, a promessa de uma loja própria e alterações na apresentação visual, o aparelho não era proprietário.

A máscara do Zeenix caiu rapidamente, e poucas horas após a excelente apresentação, os responsáveis pelo console já não estavam mais falando sobre o console de fato, mas sim, explicando se o console era um produto chines que estava sendo importado e recebendo o logo da Tectoy. Vale ressaltar que isso não seria nenhum problema, Consoles White label existem aos montes, esse é um processo onde um fabricante, geralmente chinesa, fabrica um console, nesse caso da Tectoy, um PC portátil e vende para outras empresas para que elas coloquem seu próprio logo, fazendo modificações discretas, mas sem alterar o hardware.

O preço e data de lançamento não foram divulgados na ocasião, o que deixou o público ainda mais desconfiado. Os questionamentos continuaram e cada vez mais evidências apareciam de que o Zeenix era um produto White label, e ao longo de meses, a Tectoy sustentou a versão de que não, o PC portátil era um produto fabricado no Brasil, com um grupo de engenheiros trabalhando para trazer o aparelho o mais breve possível.

Os meses se passaram com poucas informações do aparelho sendo divulgadas, e somente os líderes do projeto como Eddy Antonini, gerente de projetos em Gaming e Pedro Henrique “Caxa”, diretor de marketing traziam poucas informações e muitas explicações em lugares pontuais, como, por exemplo, o canal Flow Games no YouTube. Mesmo em meio a tanta controvérsia, o preço do Zeenix Lite foi revelado, colocando a primeira pá de cal no aparelho.

A versão de entrada, Zeenix Lite, foi anunciada por R$ 2.699, como valor promocional no primeiro lote. O preço foi uma decepção para quem pretendia comprar o aparelho, ainda mais ao pensar em um produto nacional, todos esperavam por um valor mais realista para o consumidor brasileiro. Note ainda que os impostos nacionais para produtos como PC, recebem impostos mais baixos em comparação a consoles. Nesse momento, as desconfianças chegaram no limite, pois o dólar estava em alta, beirando os R$ 6,00, o que para muitos, justificava o adiamento do anúncio do preço na ocasião do lançamento e agora, esse valor tão alto.

Diante da má impressão, os responsáveis começaram a explicar o motivo do valor, e nesse momento, conhecemos o quanto o Zeenix estava sendo administrado por amadores, ou no mínimo, pessoas que não tem nenhuma ligação com o mercado de games. Uma das primeiras justificativas para o preço, foi a certificação da ANATEL. Segundo Eddy Antonini, os consumidores deviam comprar o aparelho devido à certificação, principalmente pela segurança, que segundo ele, evitaria, por exemplo, que um marcapasso (dispositivo eletrônico que regula os batimentos cardíacos) disparasse.

Uma coisa muito importante que o Steam Deck não tem é a certificação da Anatel. A gente não leva isso muito a sério, mas estar dentro dos parâmetros de segurança da Anatel, pode ser a diferença entre isso disparar, ou não, o marcapasso de uma pessoa.

— Eddy Antonini, questionado sobre o preço do Zeenix Lite

Nessa mesma entrevista é mencionada a produção do console na China e de como o dólar impacta no preço. Sem querer, o próprio Antonini corrobora sua mentira sobre a produção nacional. O fato é que diante de da intenção de mentir, fica difícil explicar as declarações com qualquer lógica. Para finalizar, a Tectoy revelou que o preço inicial era uma promoção de lançamento. Após o primeiro lote, o PC portátil de entrada passaria a custar exorbitantes R$ 3.299.

Em declarações em suas redes sociais, Pedro Caxa revelou que a Tectoy estava vendendo o aparelho com margem miníma de lucro. Em outra declaração, ele comparou o possível preço de lançamento do Zeenix Pro em relação ao Steam Deck, e revelou ser impossível que o aparelho brasileiro pudesse ter um preço similar, imagine inferior.

https://twitter.com/Pedrocaxa_/status/1821905681546465409?t=yWvUtkjdWSDqDO6c2yFn7A&s=19

Você está se perguntando sobre o Zeenix Pro? Ele não tem data de lançamento, e sequer acreditamos que seja lançado. Vale ressaltar que rumores mencionam que o Zeenix Lite não tenha alcançado a milhar de vendas ainda. Se tudo isso já não fosse ruim, nos últimos dias, Pedro Caxa foi as redes sociais e revelou que quase toda a equipe responsável pela criação e marketing do Zeenix foi demitida, o que inclui até mesmo engenheiros por trás da adaptação do console chines para as exigências brasileiras.

A Tectoy e seu Eminente Maior Fracasso.

Ainda que os nomes mais importantes por trás do Zeenix, como Pedro Caxa tenha exposto supostos problemas durante o desenvolvimento do aparelho, e realmente tenham uma boa participação do fracasso que foi o Zeenix até esse momento, a Tectoy, sem dúvida foi a maior responsável por todos os erros cometidos por essa equipe. Apostar em uma equipe tão jovem, com investimentos tão apertados em um mercado competitivo, foi um desastre que todos sabiam poder se tornar uma hecatombe.

Conforme reportado, a equipe de marketing contava com quatro pessoas, nos fazendo imaginar que a equipe completa responsável pelo aparelho deveria ser incompatível com o tamanho do projeto. Ademais, apostar em lançar um console no Brasil, com impostos exorbitantes, consumidores pontuais e um mercado cinza que concorre lado a lado com o oficial, mostra que a Tectoy, mesmo com tantos anos de mercado, parece não ter pessoas que saibam o que realmente é o mercado de games.

Infelizmente, pouco podemos esperar do Zeenix agora, pois o estrago está feito, e a Tectoy parece não se importar em modificar a impressão que o aparelho deixou. Ao longo dos meses, as declarações foram um desastre, o trabalho de marketing, medíocre (só se salva a apresentação do aparelho) e o ajuste de preço não deve acontecer porque não tem como lançar o aparelho por um preço menor sem o subsidiar, e acreditamos que a Tectoy não tenha os bolsos tão fundos para isso.

Por fim, se a Tectoy dos anos 1990 foi um sucesso, com lançamentos marcantes e um sucesso invejável, a mesma empresa, ao longo desses 30 anos, vem criando uma nova tradição nos games no mercado nacional, a de criar fracassos, cada um maior que o outro, infelizmente.

Marcelo Souza

Apaixonado por jogos e consoles desde 1990. Quando não esta escrevendo em algum site de games, esta jogando ou ensinando o Felipe a jogar.

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