CYGNI: All Guns Blazing | REVIEW

Os jogos Shoot ´em Up fazem parte da história dos games mais do que imaginamos. Seja nos árcades com os games clássicos, ou nos consoles da atual geração, o gênero carrega uma legião de fãs apaixonados pelos jogos de navinha, como nós brasileiros costumamos chamar, e se temos uma empresa com tradição nesse gênero, essa empresa é a Konami. CYGNI: All Guns Blazing chega como uma nova opção para esses jogadores, e, além disso, com uma nova proposta de gameplay, que promete levar o gênero a outro patamar. Confira abaixo nossa review e saiba o que esperar do Shmup da estreante desenvolvedora KeelWorks.

No lugar e na hora certa

Algumas desenvolvedoras conseguem o feito de se tornarem populares por seus games, e não só isso, por trazerem games que definem um gênero ou geração de consoles, esse é o caso da Konami. A empresa conseguiu destacar seu nome por publicar ou desenvolver diversos jogos que, marcaram uma geração de jogadores, dentre estes, os fãs de Shoot ‘em Up, ou Shmup, como gosto pessoalmente de chamar nossos amados jogos de navinha. Desde o lançamento de Gradius e Salamander na década de 80 até Otomedius Excellent, a empresa japonesa lançou excelentes jogos do gênero.

Agora, estamos diante de um Shmup da estreante desenvolvedora KeelWorks, publicado pela Konami, e nossa debutante desenvolvedora não decepciona. A KeelWorks é um estúdio independente com sede em Edimburgo, Escócia, focado no desenvolvimento de videogames. Juntamente com apaixão por criar jogos, também produzem animação 3D de alta qualidade, efeitos visuais e composição musical.

No que diz respeito a música, a empresa trabalha criando composições para o cinema, anúncios de televisão, bem como para games. Com certeza isso contribuiu para a magnífica trilha sonora do game, mas abordaremos isso mais tarde. A impressão que fica é que a parceria entre a KeelWorks e Konami não poderia ser melhor, pois a Dev lança um jogo com um imenso potencial, publicado por outra empresa com um feedback histórico no que se diz respeito a Shmup’s, diante disso, entendemos porque CYGNI: All Guns Blazing chegou a esse patamar tão sofisticado.

O poder da intensidade

A verdade é que os jogos do gênero Shmup nunca foram populares, mas isso nunca impediu que quem se aventurasse por esse incrível universo, repleto de games com as mais variadas abordagens, não encontrasse jogos maravilhosos. Se você chegou nessa review, saiba que está diante de um dos games mais incríveis lançado nos últimos anos no que se diz respeito a Shmup’s. CYGNI: All Guns Blazing é um game intenso, divertido, desafiador e com uma atmosfera única.

É difícil falar do jogo sem se empolgar, mesmo que você não seja o maior fã do gênero, é incontestável que a desenvolvedora conseguiu atingir parâmetros de qualidade superiores em quase tudo no jogo. Assim que iniciamos o jogo, percebemos o quanto graficamente CYGNI: All Guns Blazing foi trabalhado. Estamos falando de um game com gráficos modernos, incrivelmente cheios de detalhes e com uma profundidade com qualidade impar.

O game foi desenvolvido na Unreal Engine 4, mas confesso que se fosse no motor gráfico atualizado da Valve, eu não ficaria surpreso. Os efeitos de iluminação são incríveis e a paleta de cores usada só deixa as coisas ainda mais bonitas. Não se culpe por perder o foco por alguns segundos enquanto espia a beleza gráfica do jogo. As cenas entre as fases também são muito bem trabalhadas, assistiremos breves introduções com uma ênfase muito forte na parte cinematográfica.

O jogo está com legendas localizadas, auxiliando o jogador a se aprofundar ainda mais na história. Vale ressaltar que encontramos alguns erros na tradução do texto original para o nosso idioma, são erros pontuais, mas eles estão lá. Falando sobre a história. esse é um dos pontos que a Dev deveria ter se atentado um pouco mais. Ainda que ela não seja ruim, diante e um jogo tão balanceado, a história acaba ficando em segundo plano, pois ela não é tão cativante quanto o jogo própriamente dito. De qualquer forma, você vai acompanhar todos os textos do jogo, pois a cenas introdutórias, com uma ambientação épica, são tão boas, que dificilmente você as pulará.

Voltando aos gráficos, ainda que eles pareçam confusos no início, conforme jogamos, vamos nos adaptando a proposta do jogo. Somos jogados em um combate intenso, com projéteis e inimigos vindo de todos os lados, os inimigos comuns do jogos são muito variados, e nos caçam das mais variadas formas, sejam com ataques suicidas ou disparos ininterruptos. A intensidade do jogo não nos deixa sequer olhar para o lado, e fases que a princípio são curtas, pois não passam muito dos 10 / 15 minutos, parece ter durado uma hora, tamanha nossa atenção no jogo.

Os inimigos estão localizados em dois planos, onde teremos de atacar com duas armas diferentes. Os gráficos do jogo já nos dão uma sensação de profundidade, e quando temos de atacar os inimigos em planos diferentes, essa sensação é ainda mais intensa. O trabalho da KeelWorks nesse sentido foi muito bem pensado, pois ainda que os inimigos não estejam em um plano tão fundo, eles estão! Seja nos flancos, plataformas ou no solo, os inimigos em segundo plano são um show a parte e deixam o game com uma sensação única.

A estratégia no caos

Ser atingido por tiros em games Shmup’s é algo normal, alguns jogos são mais punitivos nessa questão que outros, mas no caso de CYGNI: All Guns Blazing as coisas são um pouco diferentes. Você pode até ser atingido por uma quantidade de tiros, sem que sua nave seja destruida. Isso acontece porque temos escudos, e determinados inimigos ao morrer, nos fornecem itens para repor esses escudos, nos fazendo permanecer vivos, ainda que sejamos sempre atingidos.

Você também pode redirecionar a energia do escudo para suas armas, trocando um ponto de vida por dano extra. Quando eu digo armas, é porque temos foguetes mais poderosos, que podemos usar em momentos de apuro, esses foguetes podem principalmente nos ajudar protegendos os flancos e nossa retaguarda, já que nossos inimigos atacam de todos os lados e planos.

A possibilidade de poder direcionar nossos disparos, faz toda a diferença, pois podemos escolher exatamente qual grupo de inimigos queremos atacar, ou qual parte dos chefes de fase queremos destruír primeiro. Vale ressaltar que não podemos atirar para trás, ou nos extremos das laterais. Direcionar nossos projéteis também é importante em momentos onde temos de nos defender, pois alguns projéteis inimigos podem ser interceptados por nós, ao direcionar nossa arma para eles, isso pode fazer toda diferença entre permanecer vivo ou não.

Um problema notório no jogo, e a forma que ele trata os inimigos. A verdade é que CYGNI: All Guns Blazing é um game que, em muitos momentos, privilegia a intransigência, fazendo com que o jogador seja quase que inconsequente, por ser mais palpável levar alguns tiros do que perder um item. Se você estiver jogando na dificuldade normal, isso pode ser até considerável, no modo fácil, você pode jogar como um suicida e ainda, sim dificilmente perecerá se coletar todos os itens.

Saber usar seus recursos pode levar algum tempo, pois tudo está acontecendo durante uma ação frenética, o que nos deixa menos que segundos para tomar essas decisões. São poucos os momentos onde não haverá uma dezena de inimigos na tela, e quando isso não acontecer, é porque estamos enfrentando alguma criatura ou máquina gigantesca. Em alguns desses momentos, temos a lembrança de jogos como Ikaruga e Radiant Silvergun.

No final de cada fase, que deve durar entre 10 e 15 minutos, teremos de enfrentar o chefe da fase. CYGNI: All Guns Blazing é um game eclético com os inimigos, pois ainda que estejamos no espaço profundo, estaremos em combate contra máquinas colossais e monstros acoplados a máquinas, originando criaturas ainda mais ameaçadoras. Essas coisas geralmente vão ocupar boa parte da tela, sendo absurdamente monstruosas e agressivas. Esses inimigos, também vão nos forçar a usar nossa arma secundária, pois em diversos momentos, os pontos fracos delas podem estar em camadas diferentes de profundidade.

Quando terminamos um estágio, podemos melhorar nossa nave utilizando pontos que recolhemos. Confesso que não me senti confortável com o sistema de upgrade, seja por ter achado um pouco confuso, ou por não ter notado grandes diferenças após aplicar tais melhorias. O sistema está lá e pode ser usado sempre que você quiser, mas sua adição pareceu mais com uma obrigação do que algo efetivamente pensado.

Ainda que tudo isso pareça ameaçador, ainda mais quando vemos tudo acontecendo ao mesmo tempo, temos um jogo muito complacente com a dificuldade, seja devido aos vários itens que recebemos ao destruir os inimigos, ou pela curva de dificuldade bem atenuada nas dificuldades mais baixas. Caso você não consiga concluir seu objetivo, pode estar continuando da última fase conquistada.

No momento em que falamos um pouco sobre a Dev KeelWorg, falamos de como eles trabalham criando trilhas sonoras para cinema e televisão, além dos games. Ao iniciar CYGNI: All Guns Blazing somos agraciados com uma trilha sonora inspiradora, bem como a própria introdução. As músicas que compõem as fases variam de uma trilha sonora mais agitada até elementos progressivos, criando um contra-ponto com tudo que acontece na tela. Durante as animações, as músicas variam entre o dramático e épico.

Os efeitos também são de ótima qualidade, sendo evidenciados principalmente se você estiver usando um fone de ouvido de qualidade. Não podemos negligenciar que a parte sonora do jogo é outro ponto forte.

CYGNI: All Guns Blazing — Vale a Pena?

Avaliar CYGNI: All Games Blazing foi uma grata surpresa, pois o jogo é repleto de diversão e intensidade. É incrível como o jogo nos faz querer jogar mais e mais, criando uma identidade com o jogador, sentimento que poucos jogos conseguem despertar. A sensação que fica, é que sempre queremos saber o que virá na próxima fazer, e qual inimigo colossal enfrentaremos no final.

Como todo excelente jogo, encontramos alguns defeitos no jogo, seja na customização um pouco confusa da nave ou na maneita quase que displicente que podemos jogar. Mas o que faz de CYGNI: All Guns Blazing acima da média, é que esses problemas são encobertos por uma gama muito maior de elementos acima da média.

Diante de um jogo tão bom, a expectativa que fica, é para saber qual será o próximo jogo da KeelWorks, e principalmente se ele será um Shmup. A Dev fez o que muitas desenvolvedoras sonham em fazer, começar com o pé direito, criando um jogo que pode ser referencia para outros em um gênero pouco popular, mas com fãs apaixonadamente fiéis. Que venha o próximo shmup da KeelWorks, amigos.

CYGNI: All Guns Blazing foi avaliado através de uma cópia gentilmente cedida pela Konami – Agradecemos a cordialidade!