Ainda não há forma de transportar a matéria para o passado ou para o futuro, mas as sensações, essas, são atemporais. Sea of Stars é a prova de que podemos ser levados ao passado, seja por ter vivido em algum momento naquele tempo, ou até mesmo ser transportado por quem sequer estava por aqui naquela determinada época. Sea of Stars é uma experiência genuína e indiscutivelmente RPG, modernamente ambientado nos anos 90, e isso é maravilhoso.
- Desenvolvedora: Sabotage Studio
- Publicadora: Sabotage Studio
- Lançamento: 29 de agosto de 2023
- Número de Jogadores: 1 Jogador
- Gênero: RPG
- Plataformas: PS4,PS5, XBO, XSSX, Switch e PC
- Site Oficial: Sea of Stars
O poder dos detalhes
A primeira vista, a sensação que temos é de estar diante de mais um game de RPG pixel-art influenciado pelos férteis anos 90, quando a guerra dos consoles nos inundava com centenas de jogo cheios de cores e inspiração. Entretanto, após a primeira hora de jogo, vemos que por trás da fina camada de familiaridade, temos um jogo com muita vida própria, e que as influências de Legend of Mana e Chrono Trigger só foram melhoradas.
Graficamente falando, Sea of Stars é um primor de pixel art, pois além de ter uma paleta de cores extremamente viva e inspirada, as escolhas fora muito acertadas ao escolher desde objetos que integram o cenário até a trilha sonora. A diversidade de objetos, faz com que o game transborde cores, chamando a atenção do jogador a cada momento e cada locação.
Vale ressaltar que quando comparamos imagens, Sea of Stars parece estar bem próximo dos jogos dos anos 90, principalmente alguns RPGs do Super Nintendo, mas é jogando que percebemos as diferenças e o quanto Sea of Stars supera seus antecessores. Além das cores, tudo no game tem vida, desde a vegetação até a grama. Tudo no jogo se move de maneira graciosa e minuciosamente detalhada. Você se surpreenderá percebendo como o jogo tem vida, e como um jogo que em um primeiro momento parecia datado, se transformou em um jogo único.
Detalhes foram tratados com esmero ímpar como, por exemplo, a caixa de diálogos, que mostra a feição dos personagens de maneira muito expressiva. Até mesmo o menu de itens que apresenta imagens de cada um deles, de maneira simples, porém detalhada. Todos os Pixel do game são de ótima qualidade, seja em um ponto crucial, ou apenas no detalhe, a qualidade está lá.
Os chefes de fase são um espetáculo a parte, sendo ainda mais detalhados e com nomes extremamente divertidos. Eles se movem pela tela durante as batalhas, reclamam, conversão e dão ainda mais personalidade ao jogo. Nesse sentido, um bestiário faz muita falta, seria incrível ter detalhes de cada um dos inimigos derrotados, visualizar eles em um modo seria o ápice, infelizmente não dá.
Das brisas das montanhas a claustrofobia das cavernas
A premissa é antiga, mas ainda funciona perfeitamente. Jovens aventureiros com habilidades diferentes saído do seu vilarejo para salvar o mundo, tem algo mais RPG anos 90 que isso?
Explorar as locações de Sea of Stars é um prazer, pois suas masmorras, cavernas, laboratórios, cidades e montanhas são repletos de vida e desafios. As ambientações foram muito bem escolhidas e fazem uma transição suave e condizente com a histórica.
Sonoramente o game também está impecável, com os detalhes ficando evidenciados. O som da água, vento e efeitos especiais conseguem ficar evidentes. O som é característico dos jogos de RPG dos anos 90, mas ainda, sim com uma qualidade só vista nos jogos atuais. A música tema de batalha é muito legal, bem como alguns temas de cidades, pura nostalgia em alta qualidade. Confesso que esperava algum tipo de interação sonora dos personagens, mas isso não existe.
Uma viagem tranquila
Conforme avançamos, mais amigos entram para o nosso grupo, e cada um deles mantém o contexto da região. Encontraremos de cozinheiros a historiadores e todos eles no fogem da narrativa.
Enquanto exploramos, podemos ver os inimigos no campo, não temos encontros aleatórios. Os inimigos também são diversificados e tiveram a mesma atenção que o resto do jogo, todos muito bem desenhados e animados. Entretanto, eles são pouco, Sea of Stars peça ao oferecer poucos encontros com inimigos, e principalmente na facilidade de enfrentar esses inimigos. A impressão que temos é que sempre podemos vencer, ao longo de mais de 20 horas de jogo, confesso que em nenhum momento me senti realmente ameaçado ou ao menos perdi durante uma batalha.
Como o game não oferece batalhas aleatórias ao eliminar os inimigos de uma área, ela ficará a sua mercê para ser explorada. Os inimigos só apareceram novamente se você sair para o mapa do mundo. Aqui temos outro problema, em alguns momentos fica desinteressante perambular pelas áreas sem ter inimigos. A crítica não é pela escolha de colocar os inimigos visualmente no mapa, mas sim a falta deles, o ideal é que eles aparecessem constantemente, a sensação que temos às vezes, é de que estamos jogando um game de plataforma sem pulo.
O sistema de turnos é o mesmo, onde cada um espera sua vez de atacar, mas o tempo sincroniza o seu ataque para cancelar a investida de um inimigo. Os inimigos têm ataques sinalizados por relógios, se acertar o inimigo com todos os ataques certos antes que o relógio chegue a zero, você o impedirá de atacar. Vale para quando estamos sendo atacados também, pois pressionar o botão no momento certo, acarreta um dano menor e ainda recebemos uma recompensa.
Além dos inimigos, teremos alguns puzzles que teremos de resolver para avançar na jornada. Esses puzzles exigiram tanto de você quanto os inimigos. Apesar de criativos, são fáceis, e se você tiver alguma experiência com RPGs, pode ser que você se frustre com tamanha facilidade. As locações são pequenas, você raramente se perde, e mesmo que isso aconteça, é questão de tempo para se encontrar, já que não teremos inimigos para nos ameaçar.
Sea of Stars — Vale a pena?
Sea of Stars é um jogo feito para agradar, uma homenagem a um gênero que marcou toda uma geração e influência jogos até hoje. Pouca coisa no jogo chama a atenção de maneira negativa, e mesmos esses detalhes, são cheios de beleza e até mesmo uma inocência atemporal.
O game é o oposto do que você verá em Baldur’s Gate ou Diablo, mas ainda, sim, é tão cativante quanto. A experiência evidente mostra puzzles inocentes, é uma jogabilidade datada e cheia de clichês e tudo isso montam um jogo marcante, nostálgico e divertido. O jogo escorrega na dificuldade e na falta de combates, mas é só um detalhe equivocado em um montão de acertos pontuais.
Note que a todo momento o jogo tenta nos cativar por parecer com Chrono Trigger ou Legend of Mana, e apesar de chegar perto, Sea of Star não consegue. Isso porque o jogo tem brilho próprio, é a diferença entre se inspirar e copiar.
Sa of Stars | REVIEW
Gráficos - 9
Jogabilidade - 9
Diversão - 9
Som - 9
Dificuldade - 8
Fator Replay - 9
8.8
Ótimo
Sea of Stars é um RPG para todo tipo de jogo, uma homenagem a uma geração de jogadores e a oportunidade de mostrar na atual geração de consoles, que o poder está na criatividade.