Confiram nosso artigo especial sobre a trajetória de Gran Turismo.
O mundo dos games mudou muito desde a chegada do Atari 2600, época na qual as desenvolvedoras, geralmente compostas por no máximo 10 pessoas, se preocupavam em criar games em que o jogador pudesse passar uma tarde chuvosa de domingo jogando o seu game. No inicio dos tempos, arcades e consoles tinham jogos extremamente difíceis, mas com propostas diferentes. No consoles, os jogos eram difíceis porque os consoles tinham pouca memória e o espaço de armazenamento era muito limitado, e com isso os jogos eram pequenos, mas com uma dificuldade mais elevada para que o jogador não chegasse no final logo na primeira jogada, obrigando o jogador à tentar e tentar várias vezes até passar de uma certa parte da fase, ou decorar todos os movimentos daquele boss chato.
Já nos arcades, as empresas criavam os jogos com uma dificuldade mais elevada para que os jogadores gastassem mais na compra das fichas, com isso fazendo a empresa ganhar mais às nossas custas. A produtora ganhava uma grana com o aluguel da máquina de arcade e tirava uns extras com as fichas que enchiam a gaveta da máquina. Se os jogadores finalizassem o game muito rápido, perderiam a vontade de voltar a jogar aquela máquina e isso não gerava o lucro que a empresa desejava. Isso também servia de “termômetro” para a empresa, pois quando um jogo não dava mais tanto lucro para ela, já era hora de tirar a máquina de circulação e colocar outro título no mercado.
Hoje em dia, os arcades praticamente não existem mais, sendo resumidos a bares e botecos aqui na América do Sul ou pequenos centros de diversão na Ásia. Além disso, os arcades de hoje nem são mais placas desenvolvidas e dedicadas para cada jogo, hoje são apenas um PC dentro de um case de arcade que pode rodar uma enorme quantidade de games diferentes. Já os vídeo games seguiram um outro caminho, trazendo games cada vez mais complexos, recheados de conteúdos. Com essa evolução, os consoles foram ganhando cada vez mais capacidades e suas mídias foram ganhando cada vez mais espaço de armazenamento.
O primeiro Gran turismo é um bom exemplo disso. Em uma época em que muitas empresas faziam jogos de corrida no estilo arcade, com timer e checkpoints (Daytona USA, Ridge Racer), ou corridas com perseguições policiais (The Need for Speed), A Polyphony Digital resolveu inovar e trazer um game de corrida diferente, que priorizasse a simulação. Os carros eram de verdade, licenciados, corriam em corridas de circuitos fechados, sem timer ou checkpoints, ou mesmo sem policiais em nossa captura. Em Gran Turismo, a Polyphony Digital quis colocar o jogador à prova, fazendo com que ele soubesse exatamente como fazer uma curva, uma tangência, saber a hora de reduzir a marcha, frear, acelerar, levar em conta o peso do carro para não destracionar na pista. Além de fornecer para o jogador uma ampla possibilidade de melhorar o desempenho do seu carro, comprando novas peças para a modalidade que o jogador quer participar, como peças esportivas ou de corridas para o motor, câmbio, pneus, discos de freio e muito mais. Também não posso esquecer de falar sobre a quantidade de montadoras e carros à nossa disposição, com carros de passeio como o Mitsubishi FTO, indo até para carros raros de corrida como o Nismo GTR. Em pouco tempo, Gran Turismo se tornou referência quando se falava em um jogo de corrida com uma pegada mais simulador em consoles.
O tempo passou, e nesses 25 anos que separam o primeiro Gran Turismo de Playstation 1 para Gran Turismo 7 de Playstation 4 e Playstation 5 muita coisa mudou. Vimos surgir um concorrente direto de GT, chamado de Forza Motorsport, que foi lançado em 2005 para o Xbox Base e hoje já está em sua sétima edição, lançado em 2017. Forza é considerado como o melhor game de corrida “arcade/simulador”, isso porque tanto GT quanto FZ não são 100% simuladores. Tivemos também os dois primeiros jogos da franquia Project Racer, que enveredavam muito para o simulador e também Asetto Corsa que, esse sim, é um verdadeiro game simulador, sendo quase obrigatório o uso de um volante para melhor apreciá-lo.
Como se pôde ver, Gran Turismo ganhou 3 bons concorrentes durantes esses anos de vida da franquia. O correto seria a Polyphony Digital se empenhar cada vez mais para trazer games mais consistentes e divertidos, com vastos conteúdos para prender a galera e assim satisfazer o jogador. O problema é que na prática isso não aconteceu. Gran Turismo 5 foi uma decepção quando lançado, com pouco conteúdo, vários carros de baixo desempenho vindos diretamente de Gran Turismo 4 de Playstation 2 e alguns de Gran Turismo do PSP, sofrendo um “remaster” mal feito nesses carros. Sistema de dano inexistente, tendo somente um pequeno demonstrativo visual de que o carro sofreu um dano e pior do que tudo isso, o game demorou anos para ser lançado e ainda assim quando finalmente saiu, era nítido que o game estava incompleto, e olha que o game só saiu porque a Sony pressionou muito a Polyphony Digital para lançá-lo logo. Pouco tempo depois, foi lançado uma versão completa do game, chamado Gran Turismo 5 XL.
Por volta de 2 anos depois, foi lançado Gran Turismo 6, sendo na verdade o GT 5 com tudo o que ele deveria ter quando foi lançado. Provou ser um bom game, mas nada muito além disso, apenas um bom game e mais nada.
Agora, com o poderoso Playstation 4 no mercado, em 2017 foi lançado Gran Turismo Sport, um game que tinha como meta ser um game de corrida “online all time”, ou seja, que o jogador ficasse online o tempo todo para disputar corridas diárias, que mudavam de percursos, carros e objetivos a cada dia. GT Sport queria ser algo como Street Fighter V foi para os games de corrida da antiga geração: Ser referência e jogado por anos e anos à fio. Mas não foi isso o que realmente aconteceu. Muitos jogadores das antigas, fãs de longa data, não gostaram da ideia de ter somente eventos online e pouco, para não dizer nenhum conteúdo single player. Muitos jogadores simplesmente abandonaram GT Sport pois não estavam afim de entrar nos cenários competitivos.
É fato dizer que GT Sport se deu bem nesse cenário competitivo tendo até alguns campeonatos exclusivamente dedicados à pro players que disputavam os mais diversos eventos criados pela Sony. Mesmo assim, depois de muita reclamação e baixas vendas do game, a Polyphony Digital teve de lançar vários patches para mudar a estrutura do game, colocando vários eventos single player, novos carros, corridas e pistas para que os jogadores enfim pudessem voltar a jogar o simulador exclusivo da Sony.
Após passar por todo esse perrengue, a Polyphony Digital veio ao ano de 2021 dizendo que estava produzindo Gran Turismo 7 e que este resgataria todo o glamour dos primeiros games da franquia. Segundo a empresa, dificuldade, eventos, pistas, licenças e muitas outras coisas seriam colocadas em GT7 para agradar não somente o jogador competitivo ou os novatos, mas também para agradar aos veteranos, aqueles que gostam de jogar sozinho os seus conteúdos dedicados para modo single player. Mês após mês, Kazunori Yamaushi, projetista e líder da Polyphony Digital, falava o quanto GT7 seria grandioso, o quanto os jogadores iriam se surpreender com esse game, e como ele seria o melhor game de toda a franquia. Essas palavras eram como música para os ouvidos de qualquer fã da franquia. Ainda mais legal era saber que o game seria lançado não somente para o PS5, mas também para o velho de guerra PS4, garantindo assim uma maior acessibilidade ao game por parte do grande público.
O dia 4 de março de 2022 finalmente chegou e com ele, o lançamento do aguardado Gran Turismo 7. Logo de início, era possível ver o quanto a Polyphony havia empregado o seu tempo em deixar o game maravilhosamente perfeito. Seus gráficos, até mesmo no PS4, eram de deixar qualquer um de boca aberta, as músicas tinham um clima de Gran Turismo 4, gostosas de serem ouvidas. As mecânicas e jogabilidades eram customizáveis, para que um novato possa jogar sem maiores problemas, ao passo que os veteranos e pro players poderiam desligar as assistências e jogar um verdadeiros simulador. Muitos eventos para disputar, enciclopédia dos veículos adquiridos, várias opções de eventos no modo online… Com toda a certeza, Gran Turismo 7 tinha tudo para ser um dos melhores exclusivos da Sony para o ano de 2022. Isso se não fosse a tal atualização de lançamento do game. Essa atualização mudou tudo o que o game se sustentava até então. Desde os primórdios da série, ao se vencer uma corrida/evento, se ganhava créditos, o dinheiro do game. Com créditos, podemos comprar outros carros que sejam compatíveis com o evento que queremos disputar. Aqui em GT7, as coisas mudaram com essa atualização: dependendo do carro que você queira comprar, ele estará disponível por um tempo limitado à compra. Se você tem a grana para comprá-lo, legal. Caso não tenha, é melhor correr e juntar uma grana logo, pois se passar do tempo limite de disponibilidade do carro, o mesmo pode demorar dias ou até meses para voltar a ficar disponível para a compra! Achou isso bizarro? Nós também. Mas calma, pois daqui pra frente só piora.
Vamos imaginar que você esteja em um evento de carros de alta performance, carros como Bugatti Veyron ou um Pagani Zonda, e você não possui um carro desses. Caso queira comprá-los, ou você desembolsa uns $40,00 de dinheiro real, ou terá de disputar cerca de 330 corridas para juntar Cr (créditos) para comprar o carro com a grana do game. Você sabe o motivo disso? Simplesmente para te obrigar à jogar várias e várias vezes o game no modo online e adquirir Cr, ou, caso você não tenha saco para jogar todos os dias online, com pessoas que você não conhece e passando raiva com os espertinhos que gostam de zuar na corrida, você pode pagar com o seu suado dinheiro para ter um carro de alta performance. Esse tipo de sistema foi implementado em Street Fighter V e não se mostrou nem de longe eficiente e ainda assim a Sony quis usar em GT7.
O que deixa os jogadores mais tristes é saber que a Sony agiu de má fé. A Sony liberou o game com uma semana de antecedência para sites, revistas e youtubers para fazerem suas análises, e assim que as notas extremamente positivas começaram a pipocar pela internet, ela veio e lançou essa atualização para simplesmente ferrar com os jogadores. Em muitos lugares, é possível ver jogadores revoltados com tais atitudes da Sony e da Polyphony Digital, chegando ao extremo de darem notas como 1,6! Claro que essa nota não é nem de longe para as qualidades do game, que antes dessa atualização grotesca teria uma nota 8.0 ou até 9.0, mas como forma de protesto e também por se sentirem enganados. Assim, estão cada dia mais dando notas baixas para o game.
Depois de ver todo esse alvoroço e as vendas de GT7 caírem montanha abaixo, a Polyphony Digital postou uma nota de esclarecimento no blog Playstation falando um pouco sobre todo esse alvoroço. A empresa começou pedindo desculpas pela confusão, dizendo que a atualização foi para corrigir as formas de pagamentos no game e que em momento algum ela queria lesar o jogador. Informou que fará um pagamento de boa vontade de 1 milhão de Cr para os jogadores que foram lesados e que as próximas atualizações irão corrigir esses problemas e trará novas coisas para o game como aumento das recompensas em eventos mundiais, aumento de recompensas para corridas online, entre outras coisas.
Vale perceber que em momento algum ela disse que irá remover esses sistema grotesco de dinheiro real x carro raro ou que irá deixar de forma permanente certos carros para a compra. Informou apenas que irá melhorar e acrescentar mais recompensas, não que vai tirar os que já existem. E é aqui que mora a ganância, a empresa prefere ver muitos e muitos jogadores debandarem de seu jogo ao invés de retirar tal sistema que envolve dinheiro real, ou como se chama atualmente, micro transação. É revoltante você ter de pagar R$279,00 na versão de PS4 e R$ 340,00 na versão do PS5 e ainda por cima ter que pagar quase R$60,00 para adquirir um carro virtual, e é ainda mais revoltante saber que você precisa “grindar” de forma exaustiva para conseguir juntar os Crs necessários. Muitas pessoas não possuem tempo para ficar correndo nas mesmas pitas e eventos por dias somente para juntar grana e comprar um carro que vá lhe ajudar a seguir no progresso, ou mesmo, grana real para gastar com algo tão supérfluo. Até quando as empresas irão estragar uma franquia tão querida e de longa data em prol da obtenção de dinheiro fácil? A Konami, a cada dia que passa, afunda cada vez mais suas franquias de jogos em NFTs, pachinkos ou com micro transações. A EA sempre lança um game com micro transação ou os odiados loot boxes. A Nintendo suga a grana dos seus fãs com o Switch Online Pack Plus trazendo jogos de N64 e Mega Drive por uma assinatura absurda de cara. E agora temos a Sony com GT7 cobrando dinheiro real para que você possa ter um carro virtual de alta performance em sua garagem virtual, sendo que nos games anteriores, esse carro por vezes era lhe dado ao se completar eventos e tal.
Caros amigos, até onde vai a ganância das empresas de games hoje em dia? e até quando iremos abaixar a cabeça para esses métodos hediondos que buscam à todo custo lucrar sobre nossas costas? Deixo aqui pra vocês esse enorme texto na qual contextualiza o que GT foi e o que ele está se tornando e gostaria que vocês refletissem sobre o tema. Realmente vale a pena comprar games na qual não se satisfazem em cobrar um valor alto pelo mesmo, ainda assim querem que nós paguemos por coisas simples in game para desfrutarmos de um conteúdo que já pagamos quando compramos o game?
Não deixe de conferir nosso artigos aqui da Games Ever! Comente!
Falou pouco, mas falou merda… Micro transações q são os problemas do jogo? Sério msm? Essa matéria é pura Ignorância ou loucura…
Olá Marcelo. Obrigado por acompanhar o Games Ever. Entendemos sua opinião. Não deixe de acompanhar nossas próximas matérias, com certeza você vai encontrar algum conteúdo que atenda seu interesse.
Bom dia, Apenas apontamos a política feita por parte das empresas que não satisfeitas em vender um game ao valor cheio, ainda cobram uma grana à mais por algo que já deveria ser incluso no game. Obrigado por acompanhar o Games Ever e fique de olho nos nossos próximos artigos.
Falou pouco, mas falou merda… Micro transações q são os problemas do jogo? Sério msm? Essa matéria é pura Ignorância ou loucura…
Olá Marcelo. Obrigado por acompanhar o Games Ever. Entendemos sua opinião. Não deixe de acompanhar nossas próximas matérias, com certeza você vai encontrar algum conteúdo que atenda seu interesse.
Bom dia, Apenas apontamos a política feita por parte das empresas que não satisfeitas em vender um game ao valor cheio, ainda cobram uma grana à mais por algo que já deveria ser incluso no game. Obrigado por acompanhar o Games Ever e fique de olho nos nossos próximos artigos.
Infelizmente a Sony vem se transformando em uma empresa que diz uma coisa e faz outra. Gran Turismo foi lançado e no mesmo dia um patch modificou completamente o jogo. A Sony sabia que se lancase o game com esse patch, tomaria bomba nas reviews. Agiu de má fé. Novamente.
Uma pena, só cabe aos fãs lamentar um jogo histórico entrar na nova geração dessa maneira.
Parabéns pelo artigo, muito bem escrito e detalhado. Que venha outros.
Puxa vida. Joguei muito Gran Turismo do 1 ao 5. Que triste ver uma trajetória tão legal de uma série tão famosa, referência, se tornar assim. Como pode, isso é ganância burra. Eles lucrariam muito mais fazendo um game sensacional que todos os fãs gostariam de comprar, ao invés de ficar vendendo carros por micro transações. Mas parece que o lado de marketing deles ficou cego para a realidade da indústria gamer. Eles não percebem que esse tipo de prática não cola mais hoje em dia?
Puxa vida. Joguei muito Gran Turismo do 1 ao 5. Que triste ver uma trajetória tão legal de uma série tão famosa, referência, se tornar assim. Como pode, isso é ganância burra. Eles lucrariam muito mais fazendo um game sensacional que todos os fãs gostariam de comprar, ao invés de ficar vendendo carros por micro transações. Mas parece que o lado de marketing deles ficou cego para a realidade da indústria gamer. Eles não percebem que esse tipo de prática não cola mais hoje em dia?
Infelizmente a Sony vem se transformando em uma empresa que diz uma coisa e faz outra. Gran Turismo foi lançado e no mesmo dia um patch modificou completamente o jogo. A Sony sabia que se lancase o game com esse patch, tomaria bomba nas reviews. Agiu de má fé. Novamente.
Uma pena, só cabe aos fãs lamentar um jogo histórico entrar na nova geração dessa maneira.
Parabéns pelo artigo, muito bem escrito e detalhado. Que venha outros.